Monday, October 17, 2016

Uma poesia de Alaíde Foppa

ELLA SE SIENTE A VECES                             
Alaíde Foppa

Ella se siente a veces
como cosa olvidada
en el rincón oscuro de la
casa
como fruto devorado
adentro
por los pájaros rapaces,
como sombra sin rostro
y sin peso.
Su presencia es apenas
vibración leve
en el aire inmóvil.
Siente que la traspasan
las miradas
y que se vuelve niebla
entre los torpes brazos
que intentan circundarla.

Quisiera ser siquiera
una naranja jugosa
en la mano de un niño
-no corteza vacía-
una imagen que brilla
en el espejo
-no sombra que se esfuma-
y una voz clara
-no pesado silencio-
alguna vez escuchada.

(de Aunque es de noche, México, 1959)

Ela se sente, às vezes

Ela se sente, às vezes,
como uma coisa esquecida
num canto escuro da
casa
como fruto devorado
por dentro
por aves de rapina,
como sombra sem rosto
e sem peso.
Sua presença é apenas
vibração leve
no ar imóvel.
Sente que a atravessam
os olhares
e que se a neblina volta
entre os torpes braços
que pretendem circundá-la.
Quisera ser, se possível,
uma laranja suculenta
na mão de um menino-
não uma casca vazia-
uma imagem que brilha
no espelho-
não sombra que se esfumaça´
e uma voz clara
-não pesado silêncio-
alguma vez escutada.


Ilustração: dúvidas & acertos

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