Saturday, August 06, 2016

VOLTA RÁPIDA


Com um acento sibilino e áspero fui advertido
Como se fora um pecador, um vil bandido
E até também fui acusado de não saber nada
Numa catilinária que disparou a madre superior
Com raro descalabro e atitude inflamada
Que me culpou de desejar derrubar o pilar
Único com o qual poderia o povo contar
Ao negar a existência de Deus. Quem você é-
Me interpelou com furor- para acabar com a fé?
Não se tira de ninguém a última esperança
Ainda que não exista é melhor ao povo crer
Quando é tudo que lhe resta, então, não vê?
Confesso que, numa iluminação, ali eu vi
E, logo, sem contestar dali, veloz, corri
Para me redimir do erro e voltar para Alice.
Foi preciso um discurso irado para perceber
Que perder o que nos resta é pura tolice.
Perdoei, com rapidez, tudo que ela me fez,
Pois, afinal quem senão ela me faz, café, mingau
E, nas noites frias, é a costelinha que me dá calor
Como jogar tudo fora por um erro, um breve torpor?  


No comments: