Friday, October 09, 2015

E mais uma poesia de Borges

El enamorado                                                           

Jorge Luis Borges

Lunas, marfiles, instrumentos, rosas,
Lámparas y la línea de Durero,
Las nueve cifras y el cambiante cero,
Debo fingir que existen esas cosas.
Debo fingir que en el pasado fueron
Persépolis y Roma y que una arena
Sutil midió la suerte de la almena
Que los siglos de hierro deshicieron.
Debo fingir las armas y la pira
De la epopeya y los pesados mares
Que roen de la tierra los pilares.
Debo fingir que hay otros. Es mentira.
Sólo tú eres. Tú, mi desventura
Y mi ventura, inagotable y pura.

O enamorado

Luas, marfins, instrumentos, rosas,
Lâmpadas e a linha de Durero,
As nove cifras e o cambiante zero
Devo fingir que existem essas coisas.
Devo fingir que no passado foram
Persépolis e Roma e que uma areia
Sutil mediu a sorte da ameia
Que séculos de ferro desfizeram.
Devo fingir as armas e a pira
Da epopeia e dos pesados mares
Que roem da terra os pilares.
Devo fingir que há outros. É mentira.
Só tu és. Tu, minha desventura,
E minha ventura, inesgotável e pura.


Ilustração: horoscopo.kazulo.pt

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