Tuesday, September 01, 2015

Uma poesia de Consuelo Tomás Fitzgerald


DE LA PROPENSIÓN A LOS ACCIDENTES                           

Consuelo Tomás Fitzgerald

Me he estrellado contra el cielo esta mañana.

La palabra que no dije
se hizo cráter en el centro de mi boca.

Lo que quedó de mí podría recogerse con cuchara
una que los duendes usan para tragarse auroras y presagios

Les ha sido muy difícil identificarme.

El marfil que sustentaba mi vértice en el mundo
es ahora una espiral de sueños en soltura.

Ilusiones borrosas astillan mis pulmones
el cerebro está lleno de gorriones lastimados, pero vivos
y candiles encendidos para los ritos nobles.

Se me ha derramado la arena de los días
en castillos para nadie defendibles
y una mancha de señales emergentes

De tres neuronas salvadas del colapso
han salido carcajadas y un ruido de tambores.

Solo así han sabido
de quién es ese cadáver tan bonito.

Da propensão aos acidentes

Me estatelei contra o céu esta manhã.

A palavra que não disse
se fez cratera no centro da minha boca.

O que restou de mim que poderia ser recolhido com uma colher
uma com que os duendes tragam auroras e presságios

Lhes tem sido muito difícil me identificar.

O marfim que sustentava meu vértice no mundo
é agora um espiral de sonhos soltos.

Ilusões borradas lascam meus pulmões
o cérebro está cheio de pardais feridos, porém, vivos
e velas estão acesas para os ritos nobres.

Estão derramadas as areias de meus dias
em castelos por ninguém defendidos
e uma mancha de sinais emergentes

De três neurônios salvos do colapso
hão sobrado gritarias e um ruído de tambores.

Só assim se conseguiu saber
de quem é este cadáver tão bonito.


Ilustração: sorrindoparaviver.portaldoholanda.com.br

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