Friday, December 19, 2014

De volta Lope de Vega

                                                                                      
Soneto 103

Lope de Vega 

Amor, mil años ha que me has jurado
pagarme aquella deuda en plazos breves;
mira que nunca pagas lo que debes,
que esto sólo no tienes de hombre honrado.

Muchas veces, Amor, me has engañado
con firmas falsas y esperanzas leves;
a estelionatos con mi fe te atreves,
jurando darme lo que tienes dado.

Hoy que llega mi vida al plazo estrecho,
si en palabras me traes y en engaños,
que te echaré en la cárcel no lo dudo.

Mas, ¿cómo pagarás, Amor, si has hecho
pleito de acreedores por mil años
y, en buscando tu hacienda, estás desnudo?

Soneto 103

Amor, mais de mil anos faz que me têm jurado
pagar-me aquela dívida em prazos breves;
olha que nunca pagas o que deves,
que isto só não tens de homem honrado.

Muitas vezes, amor, me tens enganado
com firmas falsas e esperanças leves;
a estelionatos com a minha fé se atreves,
jurando dar-me o que não tens me dado.

Hoje que chega a minha vida a um prazo estreito,
Se em palavras me traís e em enganos,
Que te acharei num cárcere não duvido.

Mas, como pagarás, amor, se tens feito
novos empréstimos por mais de mil anos
e, se buscam os teus recursos, estais desnudo?

Ilustração: forodefotos.com


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