Thursday, October 31, 2013

Ricardo Quijano



Era

Ricardo Quijano

Era como la superfície
cubriéndose de niebla;
cristalina en secreto,
profunda para si.

Ahí
Perdura el reflejo incógnito
Era como la brisa
desparramada por el viento,
en brizna alegre
al conocer el mundo.

Era húmeda la piel
Empapada el alma.

Era como la canción de ser
sin ser, al convertirse
silenciosa, serena
en manto de água.

Era

Era como a superfície
cubrindo-se de névoa;
cristalina em segredo
profunda para si.


perdura o reflexo incógnito.
Era como a brisa
derramada pelo vento,
no voo alegre
de conhecer o mundo.

Era úmida a pele
Encharcada de alma.

Era como a canção de ser
sem ser, ao converter-se
silenciosa, serena
em manto de água.


Ilustração: loungeempreendedor.com.br

Sunday, October 27, 2013

Ainda José Gotostiza


PAUSAS I                                                                      

José Gorostiza

 ¡El mar, el mar!

 Dentro de mí lo siento.

 Ya sólo de pensar

 en él, tan mío,

 tiene un sabor de sal mi pensamiento.


Pausas I

O mar, o mar!

Dentro de mim o sinto.

E só de pensar

nele, tão meu,

tem um sabor de sal no meu pensamento.

Ilustração: alemdoquintal.blogspot.com

José Gorostiza


LA ORILLA DEL MAR

José Gorostiza

 No es agua ni arena la orilla del mar.

 El agua sonora de espuma sencilla,

 el agua no puede formarse la orilla.

 Y porque descanse en muelle lugar,

 no es agua ni arena la orilla del mar.

 Las cosas discretas, amables, sencillas;

 las cosas se juntan como las orillas.

 Lo mismo los labios, si quieren besar.

 No es agua ni arena la orilla del mar.

 Yo sólo me miro por cosa de muerto;

 solo, desolado, como en un desierto.

  A mí venga el lloro, pues debo penar.

 No es agua ni arena la orilla del mar.

Beira do mar

Não é água nem areia a beira do mar.

É água sonora de espuma sensível

Água que não pode formar a beira.

E porque descansa em mole lugar,

Não é água nem areia a beira do mar.

 As coisas discretas, amáveis, sensíveis;

 as coisas se juntam como as beiras.

 Os mesmos lábios, se querem beijar.

 Não é água nem areia a beira do mar.

 Eu só me olho a procura dos mortos;

 sozinho, desolado, como num deserto.

 A mim venha o choro, pois, devo penar.

 Não é água nem areia a beira do mar.

Ilustração: grafiainfoto.blogspot.com

Ainda Maybell Lebron


ÉXTASIS

Maybell Lebron

 
Mira estamos vivos.

 Siento la savia oscura galopar en mis cauces.

 La luz borra quimeras

-huéspedes de párpado ceñido-

y dibuja sin prisa tu contorno olvidado.

 El nácar de la arena tramonta el aire y se deshace.

 En la playa las huellas son testigo.

 Mi aliento y tu cuerpo palpitante repican:

 Ya ves

 estamos vivos.

Êxtase

Olha estamos vivos.

 Sinto a seiva escura galopar em minhas veias.

 A luz esmaece as quimeras

-hospedes das pálpebras franzidas


e desenha sem pressa seu contorno esquecido.

A cor da areia perpassa o ar e se derrete.

Na praia, as trilhas são testemunhas.

Minha respiração e teu corpo latejante palpitam:

percebes

estamos vivos.

Ilustração: simplesmentesereu.blogspot.com

Luis Muñoz Rivera


XIII

Luis Muñoz Rivera

 ¡Qué calma tan honda!

 ¡Qué paz tan profunda!

 ¡Qué solemne quietud la que reina

 por esas alturas!
 

 No ocurren sucesos;

 se pasan los días,

 Sin que un soplo revuelva los mares

 de nuestra política.

 Silencio tan triste

 enerva el espíritu:

 ¿Es acaso esta tierra un inmenso

 sepulcro de vivos?

 XIII

Que calma tão profunda!

Que paz tão profunda!

 Que solene quietude reina

 por estas alturas!

 
 Não ocorrem sucessos;

 se passam os dias,

 sem que um sopro agite os mares

 da nossa política.

 
Silêncio tão triste

 que enerva o espírito:

 é por acaso esta terra

 um imenso cemitério de vivos?

Ilustração: zisomense.blogspot.com

De novo Maybell Lebron


 
DESAFÍO

Maybell Lebron

Fabuloso engranaje de ríos infinitos

meticuloso laberinto hacedor de sueños

 corcel de ignota maratón

 devorando rutas de niebla

 en páramos desconocidos.

 Sus cascos destellan de luna

 o acaso

 conocen el lodo.

 Sus crines me azotan el rostro.

 En un vértigo de angustia

 mis manos apresan la furtiva brida

 y el pulso se aquieta al saber

 que puedo guiar

 mi destino.


Desafio


Fabulosa engrenagem de rios infinitos 

meticuloso labirinto fazedor de sonhos

corcel de ignorada maratona

devorando rotas de névoa

em planícies desconhecidas.


Seus cascos brilhantes de lua

ao acaso

conhecem a lama.


Suas crinas me chicoteiam o rosto.

 Numa vertigem de angústia

 minhas mãos apressam o furtivo bridão

  e  o pulso se acalma ao saber

  que posso guiar

  meu destino.

Ilustração: photoshopcreative.com.br

Maybell Lebron


                                                                                                SIN JAMÁS HABERNOS VISTO

                                                                                       Maybell Lebron

Sin jamás habernos visto
nos reconocimos;
y nuestras huellas fueron parejas,
y nuestras sangres forjaron hijos,
lloramos juntos nuestras tristezas,
juntos supimos de soles limpios,
y hoy,
sentados frente a frente,
nos miramos,
sin saber qué decirnos.

 


Sem jamais nos havermos visto

Sem jamais havermos visto

nos reconhecemos;

e nossos caminhos foram parelhos,

e nosso sangue forjaram filhos,

choramos juntos nossas tristezas,

juntos  aprendemos em solos limpos,

e hoje,

sentados frente a frente,

nos  olhamos,

sem saber o que dizermos.

Ilustração: blogueluzesombra.blogspot.com

 

 

 

Friday, October 25, 2013

Novamente Gertrudis Gómez de Avellanada




Gertrudis Gómez de Avellanada

No encuentro paz, ni me permiten guerra;
De fuego devorado, sufro el frío;
Abrazo un mundo, y quédome vacío;
Me lanzo al cielo, y préndeme la tierra.

Ni libre soy, ni la prisión me encierra;
Veo sin luz, sin voz hablar ansío;
Temo sin esperar, sin placer río;
Nada me da valor, nada me aterra.

Busco el peligro cuando auxilio imploro;
Al sentirme morir me encuentro fuerte;
Valiente pienso ser, y débil lloro.

Cúmplese así mi extraordinaria suerte;
Siempre a los pies de la beldad que adoro,
Y no quiere mi vida ni mi muerte.

Contradições

Não encontro paz, nem me permitem a guerra;
De fogo devorado​​, sofro o frio;
Abraço um mundo, e quedo-me vazio;
Lanço-me ao céu e prendem-me a terra.

Nem livre sou, nem a prisão me encerra;
Vejo sem luz, sem voz falo e anseio;
Temo sem esperar, sem prazer rio;
Nada me dá valor, nada me aterra.

Busco o perigo quando o auxilio imploro;
Ao sentir-me morrer me encontro forte;
Valente penso ser, e débil choro.

Cumpre-se assim minha extraordinária sorte;
Sempre aos pés da mulher que adoro,
E não quero nem a vida nem a morte.


Ilustração: simples-fato.blogspot.com

Soneto dos versos que não te fiz


Eu fiz uns versos para ti tão bobos..
Versos que, na verdade, pouco dizem.
Eram só palavras sobre o quão felizes
São meus dias contigo, todos, todos...

Não consegui os versos lindos, raros,
Que na mente sonhei pra te dizer!
Postos no papel já nem são claros
Como os que pensava pra te oferecer.

Mas, se bons versos não te digo ainda...
E que me pareces cada vez mais linda
Como nenhum um verso, meu bem, diz !

Talvez é que te amo tanto ! E nem mais sei...
Se esta falta não é que todo amor já dei
E até sem versos me sinto mais feliz!


Ilustração:  gaabicastilho.blogspot.com

Todo maneira de amor vale a pena


Canto ao pequeno amor

Já não necessito mais viver um grande amor.
Toda a grandeza de nosso mundo já passou
E me contento mesmo com um pequeno amor
Que neste mundo sem amor para mim é tanto.
E é este pequeno grande amor que canto
E multiplico em carinhos em cada canto,
Mesmo se nossos momentos são tão poucos
Que os agradeço como se muitos fossem.
Amor não se mede por ser grande nem pequeno
É, em qualquer dose, o oposto do veneno,
Que, por ingeri-lo, o homem no chão deita,

Porque somente com amor a vida se enfeita. 

Ilustração: aflorenigmatica.blogspot.com

Gertudis Gómez de Avellanada


Gertrudis Gómez de Avellanada

¡Feliz quien junto a ti por ti suspira,
quien oye el eco de tu voz sonora,
quien el halago de tu risa adora,
y el blando aroma de tu aliento aspira!

Ventura tanta, que envidioso admira
el querubín que en el empíreo mora,
el alma turba, al corazón devora,
y el torpe acento, al expresarla, espira.

Ante mis ojos desaparece el mundo,
y por mis venas circular ligero
el fuego siento del amor profundo.

Trémula, en vano resistirte quiero...
de ardiente llanto mi mejilla inundo...
¡delirio, gozo, te bendigo y muero!

Soneto imitando uma ode de Safo

Feliz quem junto a ti por ti suspira,
quem ouve o eco de tua voz sonora,
quem o elogio de teus risos adora
e o brando aroma de teu hálito aspira!

Ventura tanta, que invejoso admira
o querubim no firmamento mora,
a alma turba, ao coração devora
e o torpe acento, ao expressá-la, expira.

Ante meus olhos desaparece o mundo
e por minhas veias circulando ligeiro
o fogo sinto do amor profundo.

Tremendo, em vão resistir quero ...
de ardente pranto o meu rosto inundo...
Deliro, gozo e de alegria morro!

Ilustração: guerreirainterior.blogspot.com

Wednesday, October 23, 2013

Ode ao Amarelinho Bar

 


O Amarelinho já ficou maduro

(como os chopes que vão de claro a escuro)

de tanto me ver.

Aqui chopes já bebi,

mulheres já beijei,

tantas coisas fiz

que já nem mesmo sei.

Mas, não era este bar,

não eram estas pessoas,

embora o bar seja o mesmo

e a mesma conversa à-toa.

Volto novamente ao bar 

talvez só pelo desejo de tentar

matar tanta saudade,

de voltar, por um momento, ao clima de outrora

quando era um ser destinado para a glória

com todas as ilusões que a vida prometia.

Com tanto tempo passado,

me sinto meio deslocado
 
sem um amigo do lado
 
com um corpo velho e pesado

de gorduras e lembranças.
 
Só renovo as esperanças

ao ver que é o mesmo bar amarelado,

mas, hoje, sem tanta ilusão,

bebo  o chope frio da consolação,

e, apesar de ter gostado,

me parece tudo envolto
 
por um véu de ironia

ainda que o Amarelinho,

esteja quase do mesmo jeito
 
e conserve a fantasia

de um mundo quase perfeito
 
percebo que tudo mudou,

pois, o garçom que me servia

não mais me reconheceu...
 
e, mesmo sendo mais moço,
 
está mais velho que eu
 
que até mesmo parece
 
que foi ele quem a vida toda bebeu.

 
Ilustração: blog.stalker.com.br

No Bistrô da Lapa


No Bistrô da Lapa
ninguém escapa
da Infinita Cadência
com uma samba de raiz
que nos deixa tão feliz
que alegra a existência.
Até penso que o Rio é mais
                         imenso do que é
amolecido no olhar de uma mulher
e, no compasso do som,
sonho que o mundo é bom
como gostaria que fosse
e bebo mais um chope
porque a vida se torna muito mais doce!

Poemas mal comportados


O botão de liga-desliga

 
No fim o fim é sempre igual.

Seja um santo, um parvo ou um animal.

A existência um ciclo é

que tem início, meio e fim,

independente da fé.

E, quando o ciclo se fecha

é como um botão que desliga

a luz, o fluxo da vida.

Assim não há como fugir da constatação

que tudo é fugaz, efêmero;

que a vida é uma bolha de sabão
 
ou um botão de liga-desliga
 
que ninguém sabe quem aperta.  

 
Ilustração: bifranco.blogspot.com

Simplesmente amor


Eu tenho por ti um amor tão bonito,
um amor tão infinito,
sem noção de tempo e espaço,
tanto que não te peço nada,

nada também te cobro.

Só desejo
quando quiser,
quando puder
estar a teu lado.
E, se isto for pecado,

quero ser o maior pecador

se for pecado se ter tanto amor.

 Ilustração: Ideiasdebaixodotelhado.com

Barriga de chope é um mito


Não mexa com minha história

Lá vem você reclamar
que ando bebendo demais,
que minha barriga cresceu
de uma forma anormal
que já nem mais vejo o pé!
Exagero mesmo é.
Só não muda nesta vida
o cabra que já morreu.
Beber? Só bebo o que posso
e nem mesmo qualquer troço.
Tenho até orgulho em dizer,
pode repetir e crer,
que um homem sem barriga
é um homem sem história.
A barriguinha que ostento
tem um passado de glória.

Ilustração: www.odiario.com

Só para contrariar


Só para contrariar

Para Steve Jobs, que andou perto de fazer o impossível.

As probabilidades. As probabilidades,
estas cruéis mensageiras da estatística,
insistem em funcionar contra os meus desejos
(igual a ti, mulher malvada, que me nega beijos),
Mas, sou paciente, obsessivo.
E, contrariá-la é meu mais forte motivo
para, apesar delas, criar o improvável
e desafiar o impossível.
Ilustração: oliveiradohospital.olx.pt

Monday, October 21, 2013

José Santos Chocano




José Santos Chocano

Cuando las carabelas voladoras
al fin trazaron sobre el mar sus huellas,
fueron rasgando por delante de ellas
la inmensidad con sus tremantes proas.

Entonces, Dios, en las nocturnas horas,
tras el misterio de las tardes bellas,
una cruz dibujó con cuatro estrellas
en el lienzo en que pinta sus auroras.

Quedó la cruz como argentado broche
que en la punta de un velo resplandece,
dejando ver radiantes simbolismos.

Y hoy, sobre el terciopelo de la noche,
en la profunda obscuridad, parece
la condecoración de los abismos...

A Cruz do Sul

Quando as caravelas voadoras
ao fim traçaram sobre o mar suas trilhas
foram rasgando adiante delas
a imensidão com suas trementes proas.

Então, Deus, nas noturnas horas,
por trás do mistério das tardes belas,
uma cruz desenhou com quatro estrelas
sobre a  tela em que pinta as auroras.

Ficou a cruz como um prateado broche
Que, na ponta de um véu, resplandece,
revelando radiantes simbolismos.

E hoje, sobre a suavidade que anoitece,
na profunda obscuridade parece

a condecoração de todos os abismos ...

Sunday, October 06, 2013

Tony Medina


Mujer

Tony Medina

Tu boca flor se torna melodia
Que, al besar, mis oidos estremece

Y tus ojos descubren la armonia
Que, viajando tu cuerpo, se florece.

 
Tu imagen desvestida se parece
A la virgen que un loco describia

Y tu risa es el marco en que se mece
La rima que seduce mi poesia


Eva, que la manzana sostenia
Ante um Adan que, al verla, se enlouquece

Dulce veneno de uma profecia


Que solo imaginarla me estremece.


El fuego de tu pecho me enardece
Cada vez que, al temblar, te siento mia.

Me haces de ti porque te pertenece
La sementeira de mi fantasia.

Mulher  

Tua boca em flor se torna melodia
Que, ao beijar, meus ouvidos estremece
E teus olhos descobrem a harmonia
Que, viajando no teu corpo, já floresce.

Tua imagem desnuda se parece
A virgem que um louco descrevia
E teu riso é a régua em que se mede
A rima que seduz minha poesia

Eva, que a maça sustentava
Ante Adão que ao vê-la enlouquece
Doce veneno de uma profecia
Que só de imaginá-la me estremece.

O fogo do teu peito me enternece
Ao te sentir minha toda vez que tremia
Me faço de ti, porque a ti pertence
A sementeira da minha fantasia.
Ilustração: corpoacorpo.uol.com.br