Tuesday, September 03, 2013

Poema da leveza do ser




I
porque todos os mistérios são inexplicáveis,
não explicaremos nada
nem  o nome das
coisas.
Mesmo que houvesse explicações
para a harmonia, ou o caos,
delas nunca saberemos.

II

a vida é o que é desde seu início.
E nos não evoluímos nada,  
só passamos a colocar nome nas coisas
e criar teorias ou entes
que nos consolam
do milagre inexplicável.

III

e tantas explicações criamos
que a da maça e da serpente,
como uma metáfora de desejo de saber,
é bem melhor que a de mundos transversais,
ou explosões surdas
que jamais saberemos, 
se aconteceram ou não-
boa é qualquer ilusão.

IV

e assim como não sabíamos nada,
e nada nos incomodava,
voltaremos a ser
sem saber se nomes havia
ou há.
Se o mar sem nome,
o céu, as plantas, as frutas,
os peixes e os pássaros
são o que são
ou se voaram.
Todo sonho é simples.

V
e as noites serão longas,
como sempre foram,
e os dias indefiníveis,
as coisas.
serão o que sempre foram
sem nomeações
ou perguntas.
Só a maravilha simples de ser
do modo que são,
ou não.

VI

as coisas permanecerão,
ou talvez não,
do mesmo jeito.
As luzes e as sombras
se alternarão
e a iluminação deve ser
uma ilusão dos olhos-  
quando há olhos para ver-
seja o que for que tenham visto.


VII

vive dentro de nós
o desejo de ser
o que sempre fomos:
eternos.
Sem compreender
que somos
estrangeiros,
passageiros das formas,
meros pontos
de mares e navios
de oceanos intermináveis
e sem fim.


VIII

o Tempo é tudo que temos para o corpo,
esta veste fugaz do efêmero.
Não há o que fazer
nem explicar  
só ser,
como as arvores, as flores,
os animais,
e em cada estação
usar as palavras
para nomear a beleza das coisas. 


IX

Um dia
os nomes não serão nada  
e o verbo
que era pó
ao pó
retornará.
Que o vento o leve,
leve, bem leve,
eterno
em outra forma.


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