Thursday, September 15, 2011

Miguel Hernández


TODO ESTÁ LLENO DE TI

Miguel Hernández

Aunque tú no estás, mis ojos
de ti, de todo, están llenos.
No has nacido sólo a un alba,
sólo a un ocaso no he muerto.
El mundo lleno de ti
y nutrido el cementerio
de mí, por todas las cosas,
de los dos, por todo el pueblo.
En las calles voy dejando
algo que voy recogiendo:
pedazos de vida mía
perdidos desde muy lejos.
.
Libre soy en la agonía
y encarcelado me veo
en los radiantes umbrales,
radiantes de nacimientos.
Todo está lleno de mí:
de algo que es tuyo y recuerdo
perdido, pero encontrado
alguna vez, algún tiempo.
Tiempo que se queda atrás
decididamente negro,
indeleblemente rojo,
dorado sobre tu cuerpo.
Todo está lleno de ti,
traspasado de tu pelo:
de algo que no he conseguido
busco entre tus huesos.

Tudo está pleno de ti

Ainda que tu não estejas, meus olhos
de ti, de todo estão plenos.
Não nasceu nem uma manhã
nem um só sol se deitou.
O mundo pleno de ti
e nutrido o cemitério
de mim, por todas as coisas,
dos dois, por todas as pessoas.
Nas ruas eu vou deixando
algo que vou recolhendo:
pedaços da minha vida
perdidos muito distante.

Livre sou na agonia
e encarcerado me vejo
nos radiantes umbrais,
radiantes de nascimentos.
Tudo está cheio de mim
de algo que tiver e recordo
perdido, porém, encontrado
alguma vez, em algum
tempo que ficou atrás
decididamente negro,
indelevelmente vermelho
dourado sobre teu corpo.
Tudo está pleno de ti,
repleto de teus cabelos:
de algo que não consegui
e que busco entre teus ossos.

No comments: