Friday, February 04, 2011

Jorge Debravo


Esta canción amarga

Jorge Debravo

Sufro tanto que a veces ni siquiera
sé si sufro por mí o por el obrero.
El sufrimiento nace, simplemente.
Es como un árbol ciego.

No lo busco, lo llamo ni lo aguardo.
Nace cuando lo quiere.
Es como un chorro de alcohol, como una
almohada de alfileres.

Es amargo y sangriento a medianoche
y a veces -sin permiso- en las aceras.
Me anuda la camisa hasta asfixiarme.
Me riega ácidos malos en las venas.

Sin embargo, hermanos, cuando falta
es como si mi carne estuviera vacía.
Como si no corriera el jugo de mi sangre.
Como si a chorros, roja, se me huyera la vida.

Esta canção amarga

Eu sofro tanto que às vezes nem sequer
Sei se sofro por mim ou pelos outros.
O sofrimento nasce, simplesmente.
É como uma árvore cega.

Não o procuro, nem o chamo nem o aguardo.
Nasce quando quer.
É como um jorro de álcool, como uma
almofada de alfinete.

É amargo e sangrento à meia-noite
e, às vezes, sem permissão, nas calçadas.
Me amarra a camisa para me sufocar.
Me joga ácidos maus nas veias.

No entanto, os irmãos, quando falta
É como se meu corpo estivesse vazio.
Como se não corresse o suco do meu sangue.
Como se em jatos, vermelhos, minha vida fugisse.

No comments: