Tuesday, November 24, 2009

RITA DOVE



EXIT

Rita Dove

Just when hope withers, the visa is granted.
The door opens to a street like in the movies,
clean of people, of cats; except it is your street
you are leaving. A visa has been granted,
"provisionally"-a fretful word.
The windows you have closed behind
you are turning pink, doing what they do
every dawn. Here it's gray. The door
to the taxicab waits. This suitcase,
the saddest object in the world.
Well, the world's open. And now through
the windshield the sky begins to blush
as you did when your mother told you
what it took to be a woman in this life.

Saída

Só quando a esperança brilha, o visto é concedido.
A porta se abre para uma rua, como nos filmes,
Deserta de pessoas, de gatos, exceto se a sua rua
você está deixando. O visto foi concedido,
"provisoriamente"- uma palavra irritante.
As janelas se fecharam nas suas costas
você está ficando cor-de-rosa, fazendo o que eles fazem
a cada amanhecer. Aqui é cinza. A porta
para a espera de táxi. Esta mala,
o objeto mais triste do mundo.
Bem, o mundo está aberto. E agora através do
pára-brisa o céu começa a corar
como você fazia quando sua mãe lhe disse
o que é ser uma mulher nesta vida.

MARK STRAND



Keeping Things Whole

Mark Strand

In a field
I am the absence
of field.
This is
always the case.
Wherever I am
I am what is missing.

When I walk
I part the air
and always
the air moves in
to fill the spaces
where my body's been.

We all have reasons
for moving.
I move
to keep things whole.

Conservando todas as coisas

Num campo
Eu sou a ausência
de campo.
Este é
sempre o caso.
Para onde quer que vá eu sou
Eu sou o que está faltando.

Quando eu ando
Eu corto o ar
e sempre
o ar se move
para preencher os espaços
onde meu corpo está.

Nós todos temos razões
para se mover.
Eu me movo
para conservar todas as coisas.

LUIZ CERNUDA



Há amigos que, mesmo quando permanecem distante, estão sempre conosco, estão sempre no nosso coração e mostram que a vida e o homem tem razão de ser, porque são testemunhas da beleza da humanidade. Esta poesia traduzida é dedicada a um destas pessoas, meu particular amigo, e de muita gente boa, Eduardo Zimmerli que, inclusive, conheci cuidando de cães, uma coisa nobre. Hoje ele cuida mais de Bohêmias que são "poodles engarrafados". Vale a pena sermos tão poucos! Avóe, grande (mesmo) amigo!

NOBREZA

Luiz Cernuda

Gracias, compañero, gracias
Por el ejemplo. Gracias porque me dices
Que el hombre es noble.
Nada importa que tan pocos lo sean:
Uno, uno tan solo basta
Como testigo irrefutable
De toda la nobleza humana.

NOBREZA

Graças, companheiro, graças
Pelo exemplo. Graças porque me dizes
Que o homem é nobre.
Nada importa que tão poucos o sejam:
Um tão só um basta
Como testemunha irrefutável
De toda a nobreza humana.

EUGENIO MONTEJO



MI AMOR

Eugenio Montejo

En otro cuerpo va mi amor por esta calle,
siento sus pasos debajo de la lluvia,
caminando, soñando, como en mí hace ya tiempo...
Hay ecos de mi voz en sus susurros,
puedo reconocerlos.
Tiene ahora una edad que era la mía,
una lámpara que se enciende al encontrarnos.
Mi amor que se embellece con el mar de las horas,
mi amor
en la terraza de un café
con un hibisco blanco entre las manos,
vestida a la usanza del nuevo milenio.
Mi amor que seguirá cuando me vaya,
con otra risa y otros ojos,
como una llama que dio un salto entre dos velas
y se quedó alumbrando el azul de la tierra.

Meu amor

Em outro corpo vai meu amor por esta rua,
sinto seus passos debaixo da chuva,
caminhando, sonhando, como em mim fez há tempos....
Há ecos de minha voz em seus sussuros,
posso reconhecê-los.
Tem agora uma idade que era minha,
uma lâmpada que se acende ao nos encontrarmos.
Meu amor que se embeleza com o mar das hors,
meu amor no terraço de um café
com uma flor branca entre as maõs,
vestida com a moda do novo milênio.
Meu amor que seguirá quando eu me for,
com outro riso e outros olhos,
como uma chama que deu um salto entre duas velas
e se quedou iluminando o azul da terra.

Friday, November 20, 2009

STORNI AINDA


Tenías miedo de mi carne mortal y en ella buscabas...

Alfonsina Storni

Tenías miedo de mi carne mortal y en ella buscabas
el alma inmortal. Para encontrarla, a palabras duras,
me abrías grandes heridas.
Entonces te inclinabas sobre ellas y aspirabas,
terrible, el olor de mi sangre.

Tinhas medo de minha carne mortal e nela buscavas...

Tinhas medo de minha carne mortal e nela buscavas
a alma imortal. Para encontrá-la, a palavras duras,
me abrias grandes feridas.
Então te inclinavas sobre elas e aspiravas,
terrível, o cheiro de meu sangue.

STORNI


¿Y tú?

Alfonsina Storni

Sí, yo me muevo, vivo, me equivoco;
agua que corre y se entremezcla, siento
el vértigo feroz del movimiento:
huelo las selvas, tierra nueva toco.

Sí, yo me muevo, voy buscando acaso
soles, auroras, tempestad y olvido.
¿Qué haces allí misérrimo y pulido?
Eres la piedra a cuyo lado paso.


E tu?

Se, eu me movo, vivo, me equivoco,
água que corre e se mistura, sinto
a vertigem feroz do movimento:
cheiro as selvas, terra nova toco.

Se, eu me movo, vou buscando ao acaso
Sóis, auroras, tempestades e esquecimento.
Que fazes ali misérrimo no momento
Em quem és a pedra a qual do lado passo.

Wednesday, November 18, 2009

AINDA RESTREPO


Camino

elkin restrepo

Nada vida, te pido.
El largo camino que creía
me llevaba a algún lado,
sólo hasta a mí me ha traído.

He tejido, pues,
con los muchos rumbos
mi propio mapa,
y no existe hilo,
por más que lo tienda amorosa mujer
que de él me pueda sacar.

Conozco ahora el simple vivir,
del derroche y regocijo con que las cosas
se rodean de milagro
y llaman a la gratitud.

Y digo que soy nadie.

Caminho

Nada vida, te peço.
O largo caminho que acreditava
me levar a algum lugar,
só a mim me trouxe me traindo.

Criei, pois,
com os muitos sentidos
meu próprio mapa,
e não há discussão,
por mais que tenha uma amorosa mulher
que dela não me possam tirar.

Agora sei que a vida simples,
de resíduos e alegria com as coisas
é rodeada de milagres
e pede gratidão.

E eu digo que não sou ninguém.

ELKIN RESTREPO


Blanco sobre blanco.

elkin restrepo

Un blanco angélico,
venido de no se sabe dónde,
que anunciaba el límite de lo demás.
Lo vi abrazarse
a un almendro cercano
y devorar sus hojas
hasta dejarlo sin forma.

Branco sobre o branco

Um branco angelical
veio do nada,
anunciando o limite dos demais.
Eu o vi abraçar-se
a uma amendoeira próxima
e devorar suas folhas
até deixá-la sem forma.

Monday, November 16, 2009

UMA AMERICANA DA AMAZÔNIA



Wild and Slowly

Rosa Clement

Come to me thinking simply like a man
but let my wilder thoughts command this day.
With passion bring me all the lust you can
and come to try what love decides to play.
Come with a tiger's speed to catch its prey
and with a rabbit's softness lie with me,
to be involved like a rose involves a bee.
As evening's light becomes obscure and frail,
erasing shadows we don't care to see,
just love me with the hurry of a snail.

Selvagem e suavemente

Venha até mim pensando simples, como um homem é,
mas, deixe meus pensamentos selvagens neste dia mandar.
Com a paixão me traga toda a luxúria que puder
e venha tentar ver como é o amor ao decidir jogar.
Venha com a rapidez de um tigre para pegar sua presa
e com a suave mentira de um coelho comigo,
para, como uma rosa envolve uma abelha; acesa
ver como a luz à noite torna-se obscura e frágil,
apagando as sombras não cuidaremos do perigo,
e de, como o amor com a pressa do caracol, pode ser ágil!

TEMPO AMAZÔNICO




O ipê é como a tarde,

Quente, linda, florida

Em que até a flor arde

Saturday, November 14, 2009

SEVILHANO



Nochebuena

Herrera Sevilhano

Ríe...ríe, Nochebuena
Mientras retoza risueña
En tus brazos la niñez
Y
Mientras yo, en mi martirio,
Quisiera volverme niño
Para gozarte otra vez.

Noite feliz

Ria ... ria, noite feliz
Enquanto brinca alegre
Em teus braços a infância
E
Enquanto eu, no meu martírio,
quisera voltar a ser menino
Para ser feliz novamente.

HERRERA SEVILHANO


Nubes

Herrera Sevilhano

Por la plaza del espacio,
Pensando vienen
Y van.
¿Procesión de dirigibles
en su vuelo sin parada
por el mundo sideral?...
¡Míralas!
Están cansadas
Y doloridas de andar.
Oh, las nubes!
¡Pobrecitas!
¡En qué conflicto andarán!

Nuvens

Pelo espaço da praça,
Pensando vem
E vai.
Procissão de dirigíveis
em seu voo sem paradas
pelo mundo sideral? ...
Olhe para elas!
Elas estão cansadas
E doloridas de andar.
Ah, as nuvens!
Pobrezinhas!
Em que o conflito andar!

UM POETA PANAMENHO


Tú siempre dices que sí

Herrera Sevilhano

Aprende a decirle no,...
Aprende a decirle no
A lo que le dices sí.
Pero no, que dices no
Cuando necesitas sí
Y al decir sí cuando no
Y no cuando debes sí,
Resulta que tu sí es no
Lo mismo que tu no sí.”

Tu que sempre dizes sim

Aprende a dizer não ...
Aprende a dizer não
Ao que dizes sim.
Mas não, que digas não
Quando necessitas dizer sim
E a dizer sim quando não
E não quando deve ser sim,
Resulta que teu sim é não
O mesmo que teu não sim.

Thursday, November 12, 2009

CELAYA DE NOVO



La vida, ahí fuera

Esa vida que no es mía y me rodea,
el misterio de la muerte, lo que llamamos la muerte
y el misterio de la vida siempre abierta,
lo que llamamos la vida
en el árbol, en las nubes y en el agua,
y en el viento y en el mundo que es quien es sin ser humano,
y en la inmensa transparencia que no se dice, se muestra
en eso que busqué tanto y ahora encuentro regresando:
La infancia, quizá, la infancia, nuestro final seguro,
nuestro cuento, nuestro canto, nuestra mágica conciencia:
El total de lo sin fin y de la vida abierta.

A vida lá fora

Esta vida que não é minha e me arredeia,
o mistério da morte, o que chamamos de morte
e o mistério da vida sempre aberta,
o que chamamos de vida
na árvore, nas nuvens e na água,
e o vento e o mundo que é quem é, sem ser humano,
e a imensa transparência que não se diz,se mostra
nisto que busquei tanto e agora encontro regressando:
A infância, talvez, a infância, o nosso final seguro,
nossa história, nosso canto, nossa consciência mágica:
O valor total da vida infinita e sempre aberta.

GABRIEL CELAYA


LO IMPORTANTE

Gabriel Celaya

Los que comen y beben
piensan en su casa.
Los que no, les importunan
porque rabian y más rabian.
¿Son idiotas? ¿No comprenden
que Sartre tiene su importancia?
Mucha más que esa gentuza
muerta de hambre que pasa.
Los que digo, no responden.
Andan robando manzanas
pese a Sartre y a su importancia.

O IMPORTANTE

Os que comem e bebem
pensam em sua casa.
Os que não, lhes importunam
porque tem mais raiva intensa e violenta.
São idiotas? Não compreendem
que Sartre é importante?
Muito mais do que a plebe
faminta que passa.
Aos que falo, nada respondem.
Continuam a roubar maçãs
em que pese Sartre e sua importância.

BURGOS


SEGUNDA EVASIÓN

Franklin Mieses Burgos

-¿Quién encendió la lámpara perenne de la rosa?
¿Quién desató el pequeño enigma de la hoja,
de la apretada piedra donde habita el silencio?

Cuando el ángel pregunta ya deja de ser ángel;
la ignorancia es la espada desnuda que defiende
su rosa de inocencia;
la rosa que no sabe ella misma el origen
terrible de su nombre, de su propio fantasma
cerrado como un nudo de aroma hasta la muerte.

Segunda fuga

Quem acendeu a lâmpada perene da rosa?
Que destrinchou o pequeno enigma da folha,
da nebulosa pedra onde habita o silêncio?

Quando o anjo pergunta já deixa de ser anjo;
a ignorância é a espada nua que defende
sua rosa de inocência;
a rosa não sabe ela mesma a origem
terrível de seu nome, de seu próprio fantasma
fechado como um ninho de aroma até a morte.

Saturday, November 07, 2009

AINDA MAYBELL LEBRON



SIN JAMÁS HABERNOS VISTO

Maybell Lebron

Sin jamás habernos visto
nos reconocimos;
y nuestras huellas fueron parejas,
y nuestras sangres forjaron hijos,
lloramos juntos nuestras tristezas,
juntos supimos de soles limpios,
y hoy,
sentados frente a frente,
nos miramos,
sin saber qué decirnos.

Sem nunca nos termos vistos

Sem nunca nos termos vistos
nos reconhecemos;
e as nossas pegadas foram parelhas
e nossos sangues forjaram filhos,
choramos juntos nossas tristezas,
juntos, subimos de solos limpos,
e hoje,
sentados frente a frente,
nos olhamos,
sem saber o que dizer.

Ilustração: www.açõeseempções.blogspot.com

MAYBELL LEBRON



SUEÑO


Maybell Lebron

Descubro
tu leve carcajada
en las alas inquietas
de algún gorrión sin miedo.

Escucho
el ruido de tus pasos
en las hojas que caen,
desprendidas, al suelo.

Añoro
tu traviesa sonrisa
en cándidos jazmines
con aroma de pueblo.

El cielo se ha puesto azul,
empapado de viento:
sueño
que has vuelto.

Sonho

Descubro
Teu riso leve
Nas asas inquietas
De algum pardal, sem medo.

Ouço
o som dos teus passos
nas folhas caindo,
desprendidas, no chão.

Anseio
por teu sorriso travesso
de ingênuos jasmineiros
Com aroma de povo.

O céu ficou azul,
encharcado de vento:
sonho
que tu voltastes.

FLORES



TÚ NO SABES AMAR

Julio Flores

Tú no sabes amar; ¿acaso intentas
darme calor con tu mirada triste?
El amor nada vale sin tormentas,
¡sin tempestades... el amor no existe!

Y sin embargo, ¿dices que me amas?
No, no es el amor lo que hacia mí te mueve:
el Amor es un sol hecho de llamas,
y en los soles jamás cuaja la nieve.

¡El amor es volcán, es rayo, es lumbre,
y debe ser devorador, intenso,
debe ser huracán, debe ser cumbre...
debe alzarse hasta Dios como el incienso!

¿Pero tú piensas que el amor es frío?
¿Que ha de asomar en ojos siempre yertos?
¡Con tu anémico amor... anda, bien mío,
anda al osario a enamorar los muertos!

Tu não sabes amar

Tu não sabes amar; acaso pensas
Dar-me amor com teu olhar tão triste?
O amor nada vale sem tormentas,
Sem tempestades...o amor não existe!

E, sem embargo, dizes que me amas?
Não, não é o amor que até mim te move:
O amor é um sol feito de chamas,
E nos sóis jamais se forma a neve.

O amor é vulcão, é raio, é fogo
E deve ser devorador, intenso,
Deve ser furação, deve ser rogo;
Deve alçar-se até Deus como um incenso!

Porém, tu pensas que o amor com o frio vem?
Que há de aparecer em teus olhos postos?
Com teu anêmico amor....anda, meu bem,
Anda o ossário a namorar com os mortos!

JULIO FLORES


A MIS CRÍTICOS

Julio Flores

Si supiérais con qué piedad os miro
y cómo os compadezco en esta hora.
En medio de la paz de mi retiro
mi lira es más fecunda y más sonora.

Si con ello un pesar mayor os causo
y el dedo pongo en vuestra llaga viva,
sabed que nunca me importó el aplauso
ni nunca me ha importado la diatriba.

¿A qué dar tanto pábulo a la pena
que os produce una lírica victoria?
Ya la posteridad, grave y serena,

al separar el oro de la escoria
dirá cuando termine la faena,
quien mereció el olvido y quien la gloria.

A meus críticos

Se soubessem com que piedade os miro
E como me compadeço deles nesta hora.
Quando, em meio à paz de meu retiro,
Minha lira é mais fecunda e mais sonora.

Se com ela um pesar maior os causo
E o dedo ponho na ferida aberta,
Sabendo que nunca me importa o aplauso
Nem nunca sua crítica molesta.

Por que dar tanta importância a uma pena
Que só produz uma lírica vitória?
Se é a posteridade, grave e serena,

Que separa o ouro da escória,
Quem dirá quando termina a faina
Quem merece o esquecimento ou a glória.

OCTÁVIO PAZ


Aqui

Octávio Paz

Mis pasos en esta calle
Resuenan
En otra calle
Donde
Oigo mis pasos
Pasar en esta calle
Donde
Sólo es real la niebla

Aqui

Meus passos nesta rua
Ressoam
Em outra rua
Aonde
Ouço meus passos
Passar nesta rua
Aonde
Só é real a névoa.

Ilustração: www.i.olhares.com

Tuesday, November 03, 2009

ALICE WALKER



Expect Nothing

Alice Walker

Expect nothing. Live frugally
On surprise.
become a stranger
To need of pity
Or, if compassion be freely
Given out
Take only enough
Stop short of urge to plead
Then purge away the need.

Wish for nothing larger
Than your own small heart
Or greater than a star;
Tame wild disappointment
With caress unmoved and cold
Make of it a parka
For your soul.

Discover the reason why
So tiny human midget
Exists at all
So scared unwise
But expect nothing. Live frugally
On surprise.

Sem expectativa


Não espere nada. Viva frugalmente
Na surpresa.
Torne-se um estranho
Para a necessidade de pena
Ou, se a compaixão vier livremente
Dada
Tome apenas o suficiente
Curta parada na urgência para pleitear
Então purgue-se da necessidade.

Deseje nada largamente
Em seu próprio pequeno coração
Ou maior que uma estrela;
Cultive um selvagem desapontamento
Com carinho insensível e frio
Faça uma cobertura
Para que sua alma.

Descubra a razão pela qual
Tão pequena humana figura
Existe em todos
Tanto medo insensato
Mas, não espere nada. Viva frugalmente
Na surpresa.

TOQUE DE BELEZA


Uma borboleta
pousou no meu caminho
devagarinho como você.
E, por ser assim tão bonita,
cheia de cor ficou a vida
que, quando bateu asas e voou,
nada mudou.

Sunday, November 01, 2009

LUZ


Quisera que não fosses tão distante!
Quisera que pudesse te dizer
Que minha vontade imensa de querer
Vive te reclamando a cada instante.

Quisera ter coragem de expressar
O que, em mim, é a única constante:
A necessidade de que sejas minha amante
Que é mal que sei que nunca vai passar.

Mas, fujo de te ver e deixo rastros
Na esperança de que como dos astros
Tua luz um dia em mim venha pousar

E amo a escuridão em que me deixas
Pois, nela tanto cultivo as queixas
Quanto a vontade infinita de te amar!

Do livro Imagens da Incerteza, Thesaurus, 1982