Thursday, May 28, 2009

AUDEN MAL TRAÍDO


Songs IX

W H Auden

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever, I was wrong.
The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.

Canção IX

Parem todos os relógios, deixe o telefone silencioso,
Impeçam o cão de ladrar com um suculento osso,
Silenciem os pianos e que os tambores parem
Tragam o caixão e que as carpideiras chorem.
Deixem os aviões sobre nossas cabeças circularem
Rabiscando no céu Ele está morto, a mensagem,
Ponham crepes roxos no branco das pombas públicas
Deixem os guardas de trânsito vestir as pretas luvas.
Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste,
A semana de trabalho, o descanso dominical com sua veste,
Meu meio-dia, meia-noite, minha conversa, minha canção;
Eu pensava que o amor duraria sempre e não tinha razão.
As estrelas não são o que procuro agora: jogue fora uma a uma;
Embale até a lua e pode desmantelar o sol;
Deitar fora o oceano e varrer a madeira para fora
Nada mais agora serve nem mais haverá boa hora.

REVISITANDO UM POEMA INGLÊS


Yours and yours and yours

Leo Marks

The life that I have
Is all that I have
And the life that I have
Is yours.

The love that I have
Of the life that I have
Is yours and yours and yours.

A sleep I shall have
A rest I shall have
Yet death will be but a pause.

For the peace of my years
In the long green grass
Will be yours and yours and yours.


São teus e teus e ainda teus

A vida que tenho
É tudo que tenho
E a vida que tenho
É tua.

O amor que tenho
Pela vida que tenho
É teu e teu e sempre teu.

Um sono terei
Um descanso terei
A morte que virá será uma pausa.

Pois, a paz de meus anos
No longo bosque verde
Serão teus, teus e ainda teus.

Saturday, May 23, 2009

EMILY DICKSON



If

If I can stop one heart from breaking,
I shall not live in vain;
If I can ease one life the aching,
Or cool one pain,
Or help one fainting robin
Unto his nest again,
I shall not live in vain.

Se

Se posso reparar um coração quebrado,
Não vou viver em vão;
Se puder de alguém aliviar uma vida um pouco,
Ou arrefecer uma dor,
Ou ajudar um pobre pássaro caído
E colocá-lo no seu ninho novamente,
Não vou viver em vão.

Friday, May 22, 2009

AMADO NERVO


Autobiografía

Amado Nervo


¿Versos autobiográficos ? Ahí están mis canciones,
allí están mis poemas: yo, como las naciones
venturosas, y a ejemplo de la mujer honrada,
no tengo historia: nunca me ha sucedido nada,
¡oh, noble amiga ignota!, que pudiera contarte.

Allá en mis años mozos adiviné del Arte
la armonía y el ritmo, caros al musageta,
y, pudiendo ser rico, preferí ser poeta.
-¿Y después?

-He sufrido, como todos, y he amado.

¿Mucho?

-Lo suficiente para ser perdonado...

Autobiografia


Versos autobiográficos? Aí estão as minhas canções,
Ali estão meus poemas: eu, como as nações
venturosas, e a exemplo da mulher honrada,
não tenho história: nada me sucedeu nunca,
Oh! Nobre amiga desconhecida!, que poderia te contar.

Além de que na juventude adivinhei da arte
a harmonia e o ritmo, queridos do maestro,
e, podendo ser rico, preferi ser poeta.

- E depois?

- Como todos sofri e amei.

Muito?

- O suficiente para ser perdoado....

Thursday, May 21, 2009

UMA POETISA URUGUAIA



La Sandía

Amanda Berenguer

Yo buscaba sin saber bien
qué era repartir aquella extensa fruta
Repartir la sandía – me dije –
y sacrificamos en tajadas
su fresca carnadura.
Quedó abierta sobre la mesa mostrando el
corazón.
? De la tarde? ?De la casa? ?Del silencio?
Repartir la sandía – me dije –
es repartir una siesta de verano
una estación con vidrieras rojas
y desierta
una cueva verde habitada por la
sed.

A melancia

Eu buscava sem saber bem
Como era repartir aquela imensa fruta.
Repartir a melancia-me disse-
e sacrificamos em talhadas
sua fresca gostosura.
Quedou aberta sobre a mesa mostrando o
coração.
De tarde? Da casa? Do silêncio?
Repartir a melancia-me disse-
É repartir uma sesta de verão
Uma estação com vidros roxos
e desertos
Uma cova verde habitada pela
sede.

RAZÕES, SE É PRECISO



I Love You

Nikki Giovanni

I love you
because the Earth turns round the sun
because the North wind blows north
sometimes
because the Pope is Catholic
and most Rabbis Jewish
because winters flow into springs
and the air clears after a storm

Eu amo você

Eu amo você
Porque a terra gira em torno do sol
Porque os ventos do Norte sopram no norte
Algumas vezes
Porque o papa é católico
E mais o rabino é judeu
Porque as flores crescem na primavera
E o ar puro respiro depois das tempestades.

Sunday, May 17, 2009

DOMINGO




Calmo domingo de calor poético
Onde a chuva, inóspita e inoportuna,
Faltou a todo e qualquer dever ético
Caindo generosa, aleatória qual a fortuna.

Domingo calmo teu calor sumiu.
Ficou a dança sonora de mil gotas
Num velho palco de zinco que resistiu
Ao assédio das ferrugens tão marôtas.

Calmo domingo onde está tua calma?
Se tens de tudo, bebida, poesia,
Um velho bandolim num choro de alma
Gemendo em notas um drama de agonia.

Domingo calmo o sol já se apaga
Mesmo entre nuvens densas diz adeus.
O tempo, meu amigo, a tudo traga:
Teus minutos, tuas horas, os dias meus!

De Apocalypse, 1982

UM ESTRANHO NO NINHO



Hão de ver nos teus olhos refletidos
Lagoas de espanto, mares de pasmo
Contrastando com o aparente marasmo
De que todos estarão acometidos.

Hão de sorrir de cada gesto lasso
Que fizeres em busca de um caminho
Farão um tronco de um simples raminho,
Verão nas sombras luzes do fracasso.

Hão de dizer que erras totalmente
Por não saberes nada, ou muito pouco,
Que és um sonhador, és mais um louco,
Que só sabe mexer com toda gente.

Hão de fazer te sentires sozinho
Como se um proscrito, um homem maldito
E, de tempos em tempos, te farão um mito
Quando és apenas um estranho no ninho.

De Apocalypse, 1982

DO PASSADO



CANÇÃO DO TEMPO

Tranquila dormia suavemente
Até seu respirar era melodia
E ao vê-la ali tão bela, de repente
Cheguei mesmo a pensar ser fantasia.

Tão perto fiquei dela...ela dormia
Cabelos soltos sobre a almofada
Ainda mais me convenci não existia
Uma mulher assim era uma fada.

E se sonhava quem o saberia?
Perdia-se a noção ao observá-la,
Pois, sua beleza plena de magia,
Inundava os meus olhos, toda a sala.

Mas, de nada ela sabia adormecida
No seu sono de toda a eternidade.
Chorei por ela, por mim e pela vida
Tanta beleza hoje, amanhã saudade!

Do livro Apocalypse, São Paulo, Zanzalás, 1982

Thursday, May 14, 2009

UM POETA DE VIGO



AMOR DE UN DIA

Fernando Pérez

Aquel amor que me ofreciste un día,
habrá de perdurar para tormento,
llanto, pena, dolor y sufrimiento,
de mi tristeza y de mi agonía.

Fue tan breve tu amor, amada mía,
relámpago que rasga el firmamento,
que toda mi ilusión duró un momento,
y breve fue la luz de mi alegría.

Tu amor de un día, mi única fortuna,
cuando creía yo alcanzar la luna,
no habrá de caer nunca en el olvido,

ha de ser imposible que se pierda,
lo habré de recordar, como recuerda
la golondrina su amoroso nido.

Amor de um dia

Aquele amor que me oferecestes um dia
Haverá de perdurar para meu tormento,
Pranto, pena, dor e sofrimento,
De minha tristeza e minha agonia.

Foi tão breve teu amor, amada minha,
Relâmpago que rasgou o firmamento,
Que toda minha ilusão durou um momento
E breve foi a luz de minha alegria.

Minha única fortuna teu amor de um dia,
Quando a lua alcançar eu cria
Não há de cair no esquecimento.

Há de ser impossível que se perda,
O haverei de recordar como recorda
A andorinha seu amoroso ninho num lamento.

Wednesday, May 13, 2009

AINDA ROSALES



¿EN DÓNDE EMPIEZA NUESTRA SOMBRA?

Luis Rosales

Sabes que llega un día en que el suelo que pisas se
convierte en pared,
ésta es la gran lección
y la medianería que separa los muertos de los vivos;
los extremos se tocan,
no podemos salir de su contigüidad,
más tarde o más temprano
en cada orilla queda un muerto nuestro.


ONDE COMEÇA NOSSA SOMBRA?

Você sabe que chega um dia em que o solo que pisas se
converte em parede,
esta é a grande lição
e a linha que separa os mortos dos vivos;
os extremos se tocam,
não podemos sair de sua contigüidade,
mais tarde ou mais cedo
em cada beira do caminho se encontra um dos nossos mortos.

LUIS ROSALES



AUTOBIOGRAFÍA

Luis Rosales

Como el náufrago metódico que contase las olas
que faltan para morir,
y las contase, y las volviese a contar, para evitar
errores, hasta la última,
hasta aquella que tiene la estatura de un niño
y le besa y le cubre la frente,
así he vivido yo con una vaga prudencia de
caballo de cartón en el baño,
sabiendo que jamás me he equivocado en nada,
sino en las cosas que yo más quería.

Autobiografía

Como o naufrago metódico que contasse as ondas
que faltam para morrer,
e as contasse, e retornasse a contar, para evitar
erros, até a última,
até aquela que tem a estatura de um menino
e lhe beija e lhe cobre de frente,
assim eu tenho vivido com uma vaga prudência de
um cavalo de cartão no banho,
sabendo que nunca me equivoquei em nada,
exceto nas coisas que eu mais queria.

Tuesday, May 12, 2009

CARRERA ANDRADE NOVAMENTE



EL OBJETO Y SU SOMBRA

Jorge Carrera Andrade

Arquitectura fiel del mundo,
realidad, más cabal que el sueño.
La abstracción muere en un segundo:
sólo basta un fruncir del ceño.

Las cosas. O sea la vida.
Todo el universo es presencia.
La sombra al objeto adherida
¿acaso transforma su esencia?

Limpiad el mundo -ésta es la clave-
de fantasmas del pensamiento.
Que el ojo apareje su nave
para un nuevo descubrimiento.

O objeto e sua sombra

Arquitetura fiel do mundo
Realidade, mais real que o sonho.
A abstração morre em um segundo:
Só basta um franzir do cenho.

As coisas. Ou seja, a vida.
Todo o universo é presença.
A sombra do objeto aderida
Acaso transforma sua essência?

Limpar o mundo, esta é a chave --
De fantasmas do pensamento.
Que o olho aparelhe sua nave
para um novo descobrimento.

Ilustração: www.objetosdodesejo.com

JORGE CARRERA ANDRADE



HOMBRE DE CUALQUIER TIERRA

Jorge Carrera Andrade

Hombre de cualquier tierra o meridiano
yo te ofrezco la mano
te doy en ella el sol americano.

Te doy la brava pluma
del cóndor, la candela ágil del puma:
selva y montaña en suma.

Te doy la geografía
vasta y azul del día
concentrado en el fruto de ambrosía.

Te doy nuevo tesoro:
el pimiento y el toro
y la cúpula de oro.

Te doy volcán y rosa,
la clave de esa gente misteriosa
que en vasijas reposa.

Mi mano es de alfarero
solar, de navegante, misionero
y libre guerrillero.

Mano de constructor de un Continente
mano de techo y puente
y alfabeto de amor para la gente.

El sol americano
te lo entrego en mi mano,
hombre mundial, hermano.

HOMEM DE QUALQUER TERRA

Homem de qualquer terra ou meridiano
a mão te estendo ufano
te dou com ela o sol americano.

Te dou a brava pluma
do condor, a candeia ágil do puma:
selva e montanha em suma.

Te dou a geografia
vasta e azul do dia
concentrado no fruto da ambrósia.

Te dou novo tesouro:
a pimenta e o touro
e a cúpula de ouro.

Te dou vulcão e rosa,
a chave dessa gente misteriosa
que em vasilhas repousa.

Minha mão é de oleiro
solar, de navegante, missioneiro
e livre guerrilheiro.

É mão de construtor de um Continente
mão de teto e corrente
e de amor alfabeto para a gente.

O sol americano
com a mão te entrego ufano,
homem mundial, meu mano.

Sunday, May 10, 2009

BENEDETTI



Alegría de la tristeza

Mario Benedetti

En las viejas telarañas de la tristeza
suelen caer las moscas de sartre
pero nunca las avispas de aristófanes
uno puede entristecerse
por muchas razones y sinrazones
y la mayoría de las veces sin motivo aparente
sólo porque el corazón se achica un poco
no por cobardía sino por piedad

la tristeza puede hacerse presente
con palabras claves o silencios porfiados
de todas maneras va a llegar
y hay que aprontarse a recibirla

la tristeza sobreviene a veces
ante el hambre millonaria del mundo
o frente al pozo de alma de los desalmados

el dolor por el dolor ajeno
es una constancia de estar vivo

después de todo / pese a todo
hay una alegría extraña / desbloqueada
en saber que aún podemos estar tristes

A alegria da tristeza

Nas antigas teias da tristeza
tendem a cair as moscas Sartre
porém, nunca as vespas de Aristófanes

um pode se entristecer
por muitas razões e faltas de razões
e, na maioria das vezes, sem motivo aparente
só porque o coração se apequena um pouco
não por covardia, sim por piedade

a tristeza pode se fazer presente
com palavras-chave ou silêncios resistentes
de todas as maneiras vai chegar
e temos que nos aprontar para recebê-la

a tristeza sobrevém às vezes
por causa da fome de milhões no mundo
ou defronte ao poço da alma dos desalmados

a dor pelo sofrimento alheio
É uma constância de estar vivo

depois de tudo / apesar de tudo
há uma estranha alegria / desbloqueada
em saber que ainda podemos estar tristes

Ilustração: byfiles.storage.live.com/y1pk3YMrezAbX0K8Tplv...

Saturday, May 09, 2009

SEM VOLTA


No volvere a ser joven

Jaime Gil de Biedma

Que la vida iba en serio
uno lo empieza a comprender más tarde
-como todos los jóvenes, yo vine
a llevarme la vida por delante.

Dejar huella quería
y marcharme entre aplausos
-envejecer, morir, eran tan sólo
las dimensiones del teatro.

Pero ha pasado el tiempo
y la verdad desagradable asoma:
envejecer, morir,
es el único argumento de la obra.

Não voltarei a ser jovem

Que a vida se foi seriamente
comecei a perceber muito mais tarde
-como todos os jovens, eu fui
levando a vida adiante.

Deixar uma marca queria
e marchar entre aplausos
-envelhecer, morrer, era tão só
as dimensões do teatro.

Mas o tempo passou
e a desagradável verdade aparece:
envelhecer, morrendo,
é o único argumento do livro.

UMA POETISA


KLIMT XVI

Soledad Sánchez M.

El camino es muy largo,
puesto en pie mi horizonte
para alcanzar la altura
de tus besos.

Toda la vida es poca.
El mudo resonar
de mis lamentos,
llamando al tiempo
para apurar sus vértices,
conmueve el palpitar
de las entrañas.

Siento redonda la belleza
del alba que me crece,
cuando me circunscribes.
Deshecha en ti,
erguida hasta la cumbre
de tu vertical fuerza,
tan lejos y tan alto,
pierdo mi nombre
y me prolongo y creo.

Toda la muerte es poca.
No basta el infinito
suspendido,
para aplacar la furia
de tu secante línea.
Siento el tiempo rodar
morándome en anillos
enlazados,
trepándote desnuda
desde dentro.

KLIMT XVI

O caminho é muito largo,
posto em pé meu horizonte
para alcançar a altura
de teus beijos.

Toda a vida é pouca.
O mudo ressonar
De meus lamentos
chamando o tempo
para apurar suas vértices
comove o palpitar
de minhas entranhas.

Sinto redonda a beleza
do alvorecer que cresce,
quando me circunscreves,
desfeita em ti,
erguida até o cume
de tua vertical força,
tão longe e tão alto,
perco meu nome
e me prolongo e creio.

Toda morte é pouca.
Não basta o infinito
suspendido,
para aplacar a fúria
de tua secante linha.
Sinto o tempo rodar
movendo-se em anéis enlaçados
trepando-te nua
Desde dentro.

Friday, May 08, 2009

UMA POESIA INGLESA


Jenny kissed me

Leigh Hunt


Jenny kiss'd me when we met,
Jumping from the chair she sat in;
Time, you thief, who loves to get
Sweets into your list, put that in!
Say I'm weary, say I'm sad,
Say that health and wealth have miss'd me,
Say I'm growing old, but add,
Jenny kiss'd me.


Jenny me beijou

Jenny beijou-me quando nos encontramos,
Saltando da cadeira ficou em pé;
Tempo, seu ladrão, que ama obter
Doces na sua lista, ponha ela!
Diga que estou cansado, diga que estou triste,
Diga que a saúde e a riqueza têm me faltado,
Diga que estou ficando velho, mas acrescente,
Jenny me beijou.

Thursday, May 07, 2009

HART CRANE


Forgetfulness

Harold Hart Crane

Forgetfulness is like a song That,
freed from beat and measure, wanders.
Forgetfulness is like a bird whose wings are reconciled,
Outspread and motionless,
- A bird that coasts the wind unwearyingly.
Forgetfulness is rain at night,
Or an old house in a forest, - or a child.
Forgetfulness is white, - white as a blasted tree,
And it may stun the sybil into prophecy,
Or bury the Gods.

I can remember much forgetfulness.

O esquecimento

O esquecimento é como uma canção
Que, livre da batida e da medida,voa.
O esquecimento é como um pássaro cujas asas são unidas,
desdobradas e vagarosas,
como um pássaro que o vento carregasse nas costas.
O esquecimento é a chuva durante a noite,
ou uma velha casa na floresta, - ou uma criança.
O esquecimento é branco, branco como um tiro na árvore,
e pode atordoar a sibila na sua profecia,
ou enterrar os deuses.

Eu posso me lembrar de muitos esquecimentos.

UM POETA DE LIMA

LA MAGNOLIA

José Santos Chocano

En el bosque, de aromas y de músicas lleno,
la magnolia florece delicada y ligera,
cual vellón que en las zarpas enredado estuviera,
o cual copo de espuma sobre lago sereno.
Es un ánfora digna de un artífice heleno,
un marmóreo prodigio de la Clásica Era:
y destaca su fina redondez a manera
de una rama que luce descotado su seno.
No se sabe si es perla, ni se sabe si es llanto.
Hay entre ella y la luna cierta historia de encanto,
en la que una paloma pierde acaso la vida:
Porque es pura y es blanca y es graciosa y es leve,
como un rayo de luna que se cuaja en la nieve,
o como una paloma que se queda dormida.

A magnólia

Na floresta de aromas e de música plena,
a magnólia floresce delicada e ligeira,
qual presa que esteve envolvida nas garras,
ou como o copo de espumas sobre a água serena.
É uma ânfora digna de uma arquitetura helena,
uma maravilha de mármore da Clássica Era:
e que destaca sua forma redonda à maneira
de um ramo que brilha no seio da blusa decotada.
Não se sabe se é pérola, nem se sabe se é pranto.
Há entre ela e a lua certa história de encanto,
em que um pombo perde ao acaso a vida:
porque é pura e branca e graciosa e leve,
como um raio de lua que se fixa na neve,
ou como uma pomba que se queda adormecida.

Wednesday, May 06, 2009

ROBERTO SOSA

LA ETERNIDAD Y UN DIA

Roberto Sosa

A Francisco Salvador


Se hace tarde, cada vez más tarde.
Ni el viento pasa por aquí y hasta la Muerte es parte
del paisaje.

Bajo su estrella fija Tegucigalpa es una ratonera.

Matar podría ahora y en la hora en que ruedan sin amor las palabras.
Solo el dolor llamea
en este instante que dura ya la eternidady
un día.

¿Qué hacer?¿Qué hacer?
Alguien que siente y sabe de qué habla
exclama, por mejor decir, musita - hagamos algo pronto,hermanos mios,
por favor muy pronto.
(De "El llanto de las cosas")


A ETERNIDADE E UM DIA


Se faz tarde, cada vez mais tarde.
Nem o vento passa por aqui e até a morte é parte
da paisagem.

Sob sua estrela fixa Tegucigalpa é uma ratoeira.

Matar poderia agora e na hora em que as palavras rolam sem amor.

Só a dor acesa
neste momento que dura já uma eternidade
e um dia.

O que fazer?O que fazer?Alguém que sente e sabe do que fala
Exclama ou melhor dizendo, sussurra - nós façamos algo logo, irmãos meus,
por favor, logo, logo.

Tuesday, May 05, 2009

NOS BONDES DE MAIO


Seems Like Old Times
(Carmen Lombardo e John Jacob Loeb)


Remember all the things we did together.
All the fun we had on New Year's Eve,
How we danced til dawn,
Then darling you were gone,
Now it's almost too good to believe.
Seems like old times, having you to walk with,
Seems like old times, having you to talk with.
And it's still a thrill just to have my arms around you,
Still the thrill that it ws the day I found you,
Seems like old times, dinner dates and flowers,
Just like old times, staying up for hours,
Making dreams come true,
doing things we used to do,
Seems like old times, being here with you.

Como nos velhos tempos

Lembre-se de todas as coisas que fizemos juntos.
Toda a diversão que tivemos no ano novo na Estação das Docas,
Como dançamos até o amanhecer,
Então, querida eu estava passando,
Agora é quase bom demais para acreditar.
Parece como nos velhos tempos,
depois de andar com você,
Parece como nos velhos tempos,
depois de falar com você.
E é ainda uma emoção o ter meus braços em torno de você,
Ainda é a mesma emoção do dia que te encontrei,
Parece como nos velhos tempos, o jantar, as datas e as flores,
Tal como nos velhos tempos, mantendo-se durante horas,
Tornando os sonhos verdade como costumávamos fazer,
Parece como nos velhos tempos, estar aí com você.

Ilustração: olhares.aeiou.pt/quase_velhos_tempos_foto1494...

CARLOS GARGALLO


Orácion desesperada

Carlos Gargallo

El verso silencioso, es la noche,

la noche con alas de plata

rompe el corazón a borbotones

con esbelta sombra dulce

de fantasma

-hallazgo imprevisto de un destino

sin tu corona de espinas-.

Aunque a muchos sorprenda:Te amo.

Te amo porque no te veo

y bebo tu sangre cada día,

la encuentro en el pecho

del niño en la cuneta

con su fusil encima,

en otras mujeres

que no tienen escaparates

para asomar su mirada,

en tantos, en tantos

que si pensara que no estás ahí,

en la noche, en el día,

en los confines al menos,

creo que te inventaría.

Sé resurrección, o lo que quieras,

pero quédate en este mundo,

aquí es donde haces falta.

Oração desesperada

O verso silencioso é a noite,
a noite com as asas de prata
que rompe o coração aos borbotões
com uma esbelta sombra doce
de fantasma -achado imprevisto
de um destino sem tua coroa de espinhos-
Ainda que a muitos surpreenda:
Te amo.
Te amo porque não te vejo
e bebo teu sangue em cada dia,
a encontro no peito
da criança na sarjeta
com o fuzil em cima,
em outras mulheres
que não tem vitrines
Para serem olhadas
tanto, tanto
que se pensa que não estais aí,
na noite, no dia,
nos confins ao menos,
creio que te inventaria.
Se ressurreição ou o que queiras,
Porém, ficas neste mundo,
Aqui é onde fazes falta.

Monday, May 04, 2009

EU NÃO SABIA...


10,000

Wu Men

Ten thousand flowers in spring,
the moon in autumn,
a cool breeze in summer,
snow in winter.

If your mind isn't clouded
by unnecessary things,
this is the best season of your life.


10.000

Dez mil flores na primavera,
a lua, no Outono,
uma brisa fria no verão,
neve no inverno.

Se a sua mente não está encoberta
por coisas desnecessárias,
esta é a melhor época de sua vida.

Sunday, May 03, 2009

UMA POETISA ARGENTINA


Y AQUÍ ESTA MI CANCION

Matilde Alba Swann

Yo te canto colmena, por eso, por colmena,
y mi canto que quiso ser un grito de guerra,
un clarín de protesta, una arenga viril,
Después de conocerte Berisso bien de cerca
se repliega y comprende, que te haría feliz
alguna canción dulce de amor que te conmueva,
una canción de cuna sutil que te adormezca
bajo un cielo que el humo camufló de gris.

E aqui está a minha canção

Eu te canto abelha, por isto, pela colméia
e meu canto que quis ser um grito de guerra,
um clarim de protesto, uma arenga viril,
Depois de conhecer-te ovelhinha bem de perto
se retrai e compreende que te faria feliz
alguma canção doce de amor que te comova,
uma suave canção de ninar que te adormeça
sob um céu que a fumaça camufle de cinza.

Ilustração: sitedepoesias.com.br/poesias/35131

LORCA



SI MIS MANOS PUDIERAN DESHOJAR

Frederico Garcia Lorca

Yo pronuncio tu nombre
en las noches oscuras,
cuando vienen los astros
a beber en la luna
y duermen los ramajes
de las frondas ocultas.
Y yo me siento hueco
de pasión y de música.
Loco reloj que canta
muertas horas antiguas.

Yo pronuncio tu nombre,
en esta noche oscura,
y tu nombre me suena
más lejano que nunca.
Más lejano que todas las estrellas
y más doliente que la mansa lluvia.

¿Te querré como entonces
alguna vez? ¿Qué culpa
tiene mi corazón?
Si la niebla se esfuma,
¿qué otra pasión me espera?
¿Será tranquila y pura?
¡¡Si mis dedos pudieran
deshojar a la luna!!

Se minhas mãos pudessem desfolhar

Eu pronuncio o teu nome
nas noites escuras,
Quando as estrelas vêm
beber na lua
e dormem os ramos
nas frondes ocultas.
E me sinto vazio
de paixão e música.
Louco relógio que canta
antigas e mortas horas.

Eu pronuncio o teu nome,
nesta noite escura,
e o teu nome me soa
mais distante do que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolorosa que a suave chuva.

Como te querer como antes
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa desaparece,
outra paixão me espera?
Será tranquila e pura?
Ah! Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!

Ilustração: orestesaraujo.flogbrasil.terra.com.br

JUAN GELMAN


La economía es una ciencia

Juan Gelman

" En el decenio que siguió a la crisis
se notó la declinación del coeficiente de ternura
en todos los países considerados
o sea
tu país
mí país
los países que crecían entre tu alma y mi alma de repente
duraban un instante y antes de irse
o desaparecer
dejaban caer sábanas llenas de nuestros sexos que salían volando alrededor como perdices
quiere decir que cada vez que hicimos el amor dejábamos nuestros sexos allí?
y ellos seguían vivitos y coleando como perdices suavísimas?
qué raro
mirá que lavábamos las sábanas con subordinación y valor
para que los jugos de la noche pasada no inauguraran el pasado
y ningún pasado pusiera una oficina entre nosotros para ordenarnos el hoy
porque el alma amorosa es desordenada y perfecta
tiene mucha limpieza y lindura
se necesita todo un Dios para encerrarla
como le pasó a don francisco
que así pudo cruzar la agua fría de la muerte
es bien raro eso de nuestros sexos volando
pero recuerdo ahora que cada vez que yo entraba en tu sexo
y me bañaban tus espumas purísimas con impaciencia
y dulzura y valor
me parecía oir un pajarerío en el bosque de vos
como amor encendiendo otro amor
o más, es cierto que cada vez nuestros sexos resucitaban
y se ponían a dar vueltas entre ellos
como maripositas encandiladas por el fuego
y se querían morir de nuevo buscando incesantemente la libertad
y había un país entre la vida y la muerte
donde todo era consolación y hermosura
y no poseíamos nuestro corazón
y nuestros sexos se perdían como almas en la noche
y nunca más los volvíamos a ver
para entender
estudio los índices de la tasa de inversióún bruta
los índices de la productividad marginal de las inversiones
los índices de crecimiento del producto amoroso
otros índices que es aburrido hablar aquí
y no entiendo nada
la economía es bien curiosa
al pequeño ahorrista del alma lo engañan en wall street
los sueldos de la ternura son bajos
subsiste la injusticia en el mercado mundial del amor
el aprendiz está rodeado de nubes que parecen elefantes
eso no le da dicha ni desdicha
en medio de las razones
las redenciones
las resurrecciones
se lleva el alma a la nariz para sentir tus perjúmenes
estoy viendo volar los pajaritos que te salían del sexo
mejor dicho
de más allá todavía
de todo lo que valías
o brillabas
o eras
y dabas como jugos de la noche."

A Economia é uma ciência

"Na década que se seguiu à crise
notou-se a diminuição do coeficiente de ternura
em todos os países,
ou seja,
no seu país
no meu país
em todos os países que cresceram entre tua alma e a minha de repente
duravam um momento antes de ir-se
ou desaparecer
deixando cair folhas repletas de nossos que saíam voando ao redor como
perdizes
quer dizer que cada vez que fizemos amor deixamos nossos sexos ali?
E eles seguiam vivíssimos e volteando como perdizes suavíssimas ?
Que engraçado
olha que lavávamos as folhas com subordinação e valor
para que os sumos da noite passada não inaugurassem o passado
e nenhum passado pudesse colocar um escritório entre nós para nos ordenar o hoje
porque a alma amorosa é desordenada e perfeita
tem muito limpeza e lindeza
se necessita todo um Deus para encerrá-la
como aconteceu com a Don Francisco
que assim pode cruzar as águas frias da morte
é bem raro isto dos nossos sexos voando
mas agora lembro que cada vez que entrava no teu sexo
me banhavam tuas espumas puríssimas com impaciência
e doçura e valor
me parecia ouvir um pássaro nos bosque teu
como o amor incendiando outro amor
ou mais, é certo,que toda vez que os nossos sexos ressuscitavam
e se punham a dar voltas entre eles
como se fossem borboletas incandiadas
e só queriam morrer de novo à procura de nova liberdade
e havia um país entre a vida e a morte
onde tudo era consolo e formosura
e não possuíamos os nossos corações
e nossos sexos eram almas que se perdiam na noite
e nunca mais voltávamos a ver
para e entender
estudo os índices da taxa bruta de inversão,
os índices de produtividade marginal do investimento
os índices de crescimento da produção amorosa
e outros índices que é chato falar aqui
e eu não entendo nada
a economia é bastante curiosa
os pequenos poupadores da alma o enganam em Wall Street
os salários são da ternura são baixos
subsiste a injustiça no mundo o amor
o aprendiz está cercado por nuvens que parecem elefantes
Isto não lhe dá sorte ou azar
no meio das razões
das redenções
das ressurreições
se leva a alma ao nariz para sentir teus perfumes
estou vendo a voar os pássaros que te saltam do sexo
ou melhor dito
de mais além, todavia,
de tudo que valias,
ou brilhava
ou eras
ou davas como sumos da noite. "

Saturday, May 02, 2009

OUTRA VEZ ANDRÉS ALFONSO


Tiempo

Andrés Alfonso Ramírez Islas

El tiempo ceniza inevitable
recuerdo estorboso que sacude mi frente
puerta grande que no cabe en ningún lugar

Ardid perfecto, sepultura de flores
jardín sin hojas que siempre cuida
lo que el fuego no se pudo llevar

El tiempo bestia dormida
cadáver efímero pero inmortal
buscador eterno de soledad.

Tempo

O tempo é inevitável virar cinzas
Lembro-me atônito que sacode em minha frente
a grande porta que não cabe em nenhum lugar

Ardil perfeito, sepultura de flores
jardim sem folhas que sempre cuida
do que o fogo não pode levar

O tempo besta dormindo
cadáver efêmero, porém imortal
eterno buscador da solidão.

ANDRÉS ALFONSO RAMIREZ ISLAS


LUNA

Andrés Alfonso Ramírez Islas

Cuando la luna te muerda
y los riscos te oxiden
sal con toda tu risa
alborota al mundo
y dile que se acabó el secuestro.

Lua

Quando a lua te morder
e os penhascos te enferrujarem
com o sal de todos os teus risos
Agita-se o mundo
a dizer que terminou o seqüestro.

Ilustração: eternamentelove.blogspot.com

Friday, May 01, 2009

YANANA MAGRINI


DESEO DE OTRO

Yanina Magrini


Lo hacemos despacio
para que no vuelque,
no salpique
toda excitación
el abuso de la lengua.


Cuando no hay nada que decir
hacemos del oído
necesidad
de palabra
en lo ajeno.

(Qué se yo,
algo así vendría a ser el poema.)

Desejo de outro

O fazemos devagar
para que não capote,
não salpique
toda a excitação
o abuso da língua.

Quando não há nada para dizer
fazemos do ouvir
a necessidade
das palavras
alheias.

(Que sei eu,
se algo assim veio a ser um poema.)

Ilustração: somostodosum.ig.com.br