Sunday, November 30, 2008

HAI-KAI DA..


MOLEQUINHA


O verde, sinal da esperança,

Nos teus olhos de alegria dança.

Grande mulher...tão criança!

Ilustração: Blog As Velas Ardem para Sempre

Friday, November 28, 2008

COMO UMA ONDA



Inconcluso

Se o fim é no início
Ou o início é o fim
Não sei.

Muitas vezes é assim:
Faço o início no fim
Ou inicio no fim
Como se fim e início
Fossem sinônimos sim.

Dá-me prazer no início
Quando o início tem fim
Se bem que sou sempre assim:
Seja no início ou no fim.

Se tenho dúvidas no início.
Mais duvidas tenho no fim.
De forma que meu precipício
É o início e o fim.

MAR, AMAR



Ilha

É o avesso da saudade
Que tua lembrança
me traz.

É, como se a água fosse,
tua figura
me margeando
por todos os meus lados,
contendo-me, cercando-me
e me limitando
a ser uma ilha de mim mesmo.

eu,
com o meu olhar de desalento,
contemplo
o resto de azul no fim da tarde
e peço, ao sol que se vai
na tarde que cai
que a lua no céu
seja, com o seu luar de mel,
uma prova de que
amanhã
hei de me afundar em ti.

Mesmo sendo ilha
meu destino é o mar-
água da minha vida-
Só desejo amar.

GINSBERG



A Supermarket in California

Allen Ginsberg

What thoughts I have of you tonight, Walt Whitman, for
I walked down the sidestreets under the trees with a headache
self-conscious looking at the full moon.
In my hungry fatigue, and shopping for images, I went
into the neon fruit supermarket, dreaming of your enumerations!
What peaches and what penumbras! Whole families
shopping at night! Aisles full of husbands! Wives in the
avocados, babies in the tomatoes!--and you, Garcia Lorca, what
were you doing down by the watermelons?

I saw you, Walt Whitman, childless, lonely old grubber,
poking among the meats in the refrigerator and eyeing the grocery
boys.
I heard you asking questions of each: Who killed the
pork chops? What price bananas? Are you my Angel?
I wandered in and out of the brilliant stacks of cans
following you, and followed in my imagination by the store
detective.
We strode down the open corridors together in our
solitary fancy tasting artichokes, possessing every frozen
delicacy, and never passing the cashier.

Where are we going, Walt Whitman? The doors close in
an hour. Which way does your beard point tonight?
(I touch your book and dream of our odyssey in the
supermarket and feel absurd.)
Will we walk all night through solitary streets? The
trees add shade to shade, lights out in the houses, we'll both be
lonely.

Will we stroll dreaming of the lost America of love
past blue automobiles in driveways, home to our silent cottage?
Ah, dear father, graybeard, lonely old courage-teacher,
what America did you have when Charon quit poling his ferry and
you got out on a smoking bank and stood watching the boat
disappear on the black waters of Lethe?

Berkeley, 1955

Num supermercado da Califórnia

Que pensamentos tenho sobre ti hoje à noite, Walt Whitman, para
caminhar assim por ruas laterais sob as árvores com uma dor de cabeça
consciente de mim mesmo a olhar para a lua cheia.
Na minha fome fatigada de vendidas imagens, eu me perco
no néon do supermercado de frutas, sonhando com suas enumerações!
Que pêssegos e que penumbras! Famílias inteiras
comprando à noite! Corredores cheios de maridos! Esposas nos
abacates, bebês nos tomates! - e tu, Garcia Lorca, o que
estavas fazendo debaixo das melancias?

Eu te vi, Walt Whitman, sem filhos, solitário como uma velha enxada,
cutucando entre as carnes no frigorífico e olhando os rapazes
da mercearia
Eu ti ouvi fazendo perguntas a cada um: Quem matou as
costeletas de porco? Qual o preço das bananas? Você é meu anjo?
Eu vagabundeando dentro e fora da brilhante pilhas de latas
te segui, e fui te seguindo na minha imaginação como um detetive de loja.
Nós andamos a passos largos pelos corredores juntos em nossa
solitária fantasia provando alcachofras, possuindo cada congelado
delicado e nunca passando no caixa.

Onde estamos indo, Walt Whitman? As portas vão se fechar em
uma hora. Qual caminho tomará para a barbearia esta noite?
(Eu tocarei o seu livro e o sonho da nossa odisséia no
supermercado me fará sentir o absurdo.)
Será que andaremos por toda a noite através de ruas solitárias? As
árvores adicionam sombras as sombras, luzes apagadas nas casas, nós seremos ambos
solitários.

Será que vamos passear sonhando com a América do amor perdido
no passado de automóveis azuis nas estradas, refúgio de nossa silenciosa casinha?
Ah, querido pai, velho solitário, com a coragem de um velho professor,
o que da América tivestes quando desembarcastes e ficastes fumando no banco assistindo o barco desaparecer nas águas do negro esquecimento?

Thursday, November 27, 2008

OUTRA BOLIVIANA




AQUÍ, ENTRE FRUTOS SALVAJES

Emma Villázon

Dime ciudad,qué somos entre tus efigies de héroes y tus árboles con serpientes.
Dime tú quién eres, más allá de tu historia de sangre y furiosos jinetes.
Dime, qué hay detrás de tu paisaje de reinados, crímenes y festines.
Dime, quién sabe qué animal fui antes de recorrer tus calles presurosa.
Oh, dime ciudad, que yo entre tus hijos te miro y te miro,
y quizás todo pasar por el mundo sea así:
atarse a la imagen de una plaza con los ojos,
reconocerse parte de un olor dulce con espinas,
ser un poco de río, pradera, niño, pez y violencia.
¡Oh, ciudad de asesinos, pintura de mis recuerdos,
fundida estoy a la raíz de tu aire desconocido!

AQUI, ENTRE FRUTOS SELVAGENS

Diz-me cidade, o que nós somos entre seus efígies de heróis e suas árvores com serpentes.
Diz-me tu quem és, mais além de tua história de sangue e de cavaleiros furiosos.
Diz-me, o que há detrás de tua paisagem de reinados, de crimes e de festins.
Diz-me, quem sabe que animal fui antes de cruzar tuas ruas apressadas.
Oh! Diz-me cidade, que eu entre teus filhos te olho e te olho
e quem sabe tudo que passar por este mundo seja assim:
para amarrar-se à imagem de uma praça com os olhos,
para reconhecer-se parte de um odor doce com espinhos,
ser um pouco de rio, pradaria, menino, peixes e violência.
Oh! Cidade dos assassinos, pintura de minhas memórias,
Fundido estou à raiz de teu ar desconhecido!

UMA POETA BOLIVIANA


Dinamarca

Cé Mendizábal

Los ojos son los roídos espejos
de los ojos que te tienen por testigo.
Las palabras, menos y más que la espuma,
querido príncipe,
y de cualquier modo, Dinamarca
está toda enloquecida.
Sangre va en sus voces
y filos crecen entre sus muros.



Dinamarca

Os olhos são os espelhos roídos
dos olhos que te têm por testemunha.
As palavras, menos e mais do que a espuma,
querido príncipe,
de qualquer modo, Dinamarca
está toda enlouquecida.
O sangue esvaí em suas vozes
e as ervas crescem entre suas paredes.

Saturday, November 22, 2008

É A VIDA...



Sina

Se minha poesia é a única verdade.
Na verdade a vida é uma mentira.
Só cumpro meu destino de poeta:
Mentindo na vida
Como única forma de ser verdadeiro.

UM POETA DO ORIENTE




Light Up The Fire

Rami

I gaze into the heart, lowly it may be,
Thought the words be higher still.
For the heart is all the substance,
The speech an accident.
How many phrases will you speak,
Too many for me.
How much burning, burning will you feel,
Be friendly with the fire, enough for me.
Light up the fire of love inside,
And blaze the thoughts away.

Acendendo o fogo

Eu olhei no seu coração, que pode ser tão humilde,
Ter o pensamento ainda mais elevado, ser ainda maior.
Para o coração tudo é a substância,
O discurso, um acidente.
Quantas frases que você me falou,
Demasiadas para mim.
Quanto ardor, quanta paixão irá sentir,
Seja amigável com o fogo, é suficiente para mim.
Acender o fogo do amor interno,
Arder em chamas nos pensamentos mesmo tão distante.

Friday, November 21, 2008

AINDA PAZ




Acabar con todo

Octavio Paz

Dame, llama invisible, espada fría,
tu persistente cólera,
para acabar con todo,
oh mundo seco,
oh mundo desangrado,
para acabar con todo.

Arde, sombrío, arde sin llamas,
apagado y ardiente,
ceniza y piedra viva,
desierto sin orillas.

Arde en el vasto cielo, laja y nube,
bajo la ciega luz que se desploma
entre estériles peñas.

Arde en la soledad que nos deshace,
tierra de piedra ardiente,
de raíces heladas y sedientas.

Arde, furor oculto,
ceniza que enloquece,
arde invisible, arde
como el mar impotente engendra nubes,
olas como el rencor y espumas pétreas.
Entre mis huesos delirantes, arde;
arde dentro del aire hueco,
horno invisible y puro;
arde como arde el tiempo,
como camina el tiempo entre la muerte,
con sus mismas pisadas y su aliento;
arde como la soledad que te devora,
arde en ti mismo, ardor sin llama,
soledad sin imagen, sed sin labios.
Para acabar con todo,
oh mundo seco,
para acabar con todo.


Para acabar com tudo

Dá-me chama invisível, espada fria,
E sua raiva persistente,
para acabar com tudo.
Oh!Mundo seco,
Oh! Mundo dessangrado.
Para acabar com tudo.

Arde sombrio, arde sem chamas,
Apagado e ardente,
Cinzas e pedra viva,
Deserto sem fronteiras.

Arde no vasto céu, laje e nuvem,
Sob a luz cega que desmorona
Entre rochas estéreis.

Arde na solidão que nos desfaz,
Na terra de pedra ardente,
De raízes geladas e sedentas.

Arde, furor oculto,
Cinza que enlouquece,
Arde invisível arde
Como o mar que impotente gera nuvens,
Ondas como o rancor e a espuma pétreas.
Entre meus ossos delirante, arde;
Arde dentro do buraco do ar,
Forno invisível e puro;
Arde como arde o tempo,
Como caminha o tempo entre a morte,
Com a mesma pisada e o mesmo alento;
Arde como a solidão que te devora,
Arde em ti mesmo, ardor sem chama,
Solidão sem imagem, sede sem lábios.
Para acabar com tudo,
Oh! Mundo seco,
Para acabar com tudo.

OCTAVIO PAZ



Epitafio para un poeta

Octavio Paz

Quiso cantar, cantar
para olvidar
su vida verdadera de mentiras
y recordar
su mentirosa vida de verdades.


Epitáfio para um poeta

Quis cantar, cantar
Para esquecer
Sua vida verdadeira de mentiras
E lembrar
Sua mentirosa vida de verdades.

Ilustração: http://paulodavidaathos.blogspot.com

JOSÉ HIERRO



Epitáfio para la tumba de um poeta

José Hierro

Toqué la creación con mi frente.
Sentí la creación en mi alma.
Las olas me llamaron a lo hondo.
Y luego se cerraron las aguas.

Epitáfio para a tumba de um poeta

Toquei a criação com a minha testa.
Senti a criação com a minha alma.
As ondas me chamaram para o fundo.
E logo as águas se fecharam.

Ilustração: http://www.joaowerner.com.br/images/mito/poeta_meditando.jpg

Wednesday, November 19, 2008

WALLACE STEVENS



Final Soliloquy of the Interior Paramour

Wallace Stevens

Light the first light of evening
In which we rest and, for small reason, think
The world imagined is the ultimate good.

This is, therefore, the intensest rendezvous.
It is in that thought that we collect ourselves,
Out of all the indifferences, into one thing:

Within a single thing, a single shawl
Wrapped tightly round us, since we are poor, a warmth,
A light, a power, the miraculous influence.

Here, now, we forget each other and ourselves.
We feel the obscurity of an order, a whole,
A knowledge, that which arranged the rendezvous.

Within its vital boundary, in the mind.
We say God and the imagination are one...
How high that highest candle lights the dark.

Out of this same light, out of the central mind,
We make a dwelling in the evening air,
In which being there together is enough.

Solilóquio final do amante interior

Acenda a luz da primeira noite
Na qual nós descansamos, por uma pequena razão, penso
O mundo imaginado é no final bom.

Este é, portanto, o encontro mais intenso.
É neste pensamento que nós nos concentramos,
Apesar de todas as indiferenças numa coisa:

Dentro de uma simples coisa, um simples xale
Bem embrulhado em torno de nós, porque somos pobres, uma cordialidade,
Uma luz, um poder, a miraculosa influência.

Aqui, agora, vamos esquecer uns aos outros e a nós mesmos.
Nós sentimos a obscuridade da ordem, um todo,
Um conhecimento, o qual nos arranjou este encontro.

Dentro da sua fronteira vital, na mente.
Nós dizemos que Deus e a imaginação são um ...
Como uma grande vela que ilumina a grande escuridão.

Fora desta luz, fora do centro da mente,
Nós iremos fazer castelos no ar,
Nos quais estarmos juntos é o suficiente.

Tuesday, November 18, 2008

OH! COMO CHOVE...



Sem Arca

Oh! O tempo lá fora está horrível.
Aqui dentro o fogo está tão bom.
Não temos nenhum lugar para ir,
Deixa a chuva cair, cair, cair.

Não me importa se vai parar
Tenho um vinho tinto para saborear.
Apaga um pouco as luzes, devagar,
Deixa chover, a água cair, relampejar.

Nada de beijos de despedida ou de boa-noite,
Se há tempestade a desculpa já existe.
E se você me abraçar bem apertado,
Todo o caminho que existir será ignorado.

O fogo está queimando lentamente,
E, meu bem, não há sentido em se molhar.
Me ama assim com um calor aconchegante
E deixa a chuva cair, cair, cair, tudo inundar.

Monday, November 17, 2008

WILLIAM CARLOS WILLIAMS


SONG

William Carlos WilliamBeauty is a shell
from the sea
where she rules triumphant
till love has had its way with her

Scallops and
lion’s paws
sculptured to the
tune of retreating waves

undying accents
repeated till
the ear and eye lie
down together in the same bed.


Canção

A beleza é uma concha
Oriunda do mar
Que rege triunfantemente
Até o amor ter feito dela o que queria.

Frutos do mar e
Patas de leão
Esculpidas ao
Som das ondas retraídas

Infinitos acentos
Repetidos ainda
Aos ouvidos e olhos até
Que deitem e durmam juntos na mesma cama.

Sunday, November 16, 2008

CIRANDA...


CIRANDINHA

A vida é uma ciranda
Onde não se escolhe o par.
Faça o que ela manda
Só não se esqueça de amar.

A LIBERTAÇÃO




PASSEIO


Só eu e meu corpo no círculo
Imenso e inescapável das nuvens.
O éter é vago. Vaga é a vida.
A montanha existe e não existe.

Trago no peito tudo preso.
Solta a alma baila pelo ar;
Solta pelos campos liberta.
A alma é terra. Só a terra.

Agora na placidez do sono
Supero todos os limites.
O corpo que me prende cede
Aos secretos caprichos da alma.

Ó arrodeios deliciosos, livres,
Da carne infestada de desejos!
Por toda parte as coisas giram;
Por encanto o espaço some.

Leve a matéria parece vento
Para sempre morta, extinta.
Embora seja o etéreo, energia,
Ar, luz, átomo também vida.

Friday, November 14, 2008

O SAL DA VIDA



Women

Adrienne Rich

My three sisters are sitting
on rocks of black obsidian.
For the first time, in this light, I can see who they are.

My first sister is sewing her costume for the procession.
She is going as the Transparent lady
and all her nerves will be visible.

My second sister is also sewing,
at the seam over her heart which has never healed entirely,
At last, she hopes, this tightness in her chest will ease.

My third sister is gazing
at a dark-red crust spreading westward far out on the sea.
Her stockings are torn but she is beautiful.


Mulheres

Minhas três irmãs estão sentadas
em rochas de obsidiana negra.
Pela primeira vez, sob esta luz, vejo o que elas são.

A minha primeira irmã está costurando sua roupa para a procissão.
Ela está indo como a senhora Transparente
e todos os seus nervos serão visíveis.

A minha segunda irmã está também costurando,
durante a costura escuta seu coração que nunca foi inteiramente curado,
No passado, ela esperava, esse aperto no peito com facilidade.

A minha terceira irmã está olhando
para uma nuvem de poeira vermelha-escura se espalhando em direção ao oeste longe sobre o mar.
Sua meias estão rasgadas, mas ela é linda.

Tuesday, November 11, 2008

NOVAMENTE BLANCA


ASÍ SEA

Blanca Varela


El día queda atrás,
apenas consumido y ya inútil.
Comienza la gran luz,
todas las puertas ceden ante un hombre
dormido,
el tiempo es un árbol que no cesa de crecer.

El tiempo,
la gran puerta entreabierta,
el astro que ciega.

No es con los ojos que se ve nacer
esa gota de luz que será,
que fue un día.

Canta abeja, sin prisa,
recorre el laberinto iluminado,
de fiesta.

Respira y canta.
Donde todo se termina abre las alas.
Eres el sol,
el aguijón del alba,
el mar que besa las montañas,
la claridad total,
el sueño.


Assim Seja

O dia de ontem
Apenas consumido e já inútil.

Começa a grande luz,
todas as portas cedem diante de um homem
adormecido,
O tempo é uma árvore que não cessa de crescer.

O tempo,
A grande porta entreaberta
O astro que nos cega.

Não é com os olhos que se vê nascer
Esta gota de luz que será
que foi um dia.

Canta a abelha, sem pressa,
atravessa o labirinto iluminado,
em festa.

Respira e canta.
Quando tudo termina abre as asas.
És o sol,
O aguilhão da madrugada,
O mar que beija montanhas,
A claridade total,
O sono.

COISAS DA MATA



Sentimento de caboclo

Há cinco coisas na vida
Que alegra o cabra macho:
Dinheiro, mulher bonita,
Peixe, farofa e cachaça.
E tando com o bicho em pé
De tudo se acha graça.

Ilustração: http://www.carlosmeloartes.com/galeria/imggaleria/caboclo15.jpg

Saturday, November 08, 2008

PRESENTE



MODERNIDADE

Que tudo muda muito rapidamente
Para ser cada vez mais igual
Me garante o ancôra do telejornal.

Entre violência e crimes, as notícias
De política se confundem com polícia
E a banalização do mal
Se torna também parte do comercial.

Sonhar, agora, se tornou impossível.
Ser celebridade virou por encanto,
Da sereia da mediocridade, o canto
E trágico, o palhaço, não é mais risível.

A verdade se tornou a mentira consagrada.
O ideal se configura em ser nada:
Dos idiotas ser o chefe da manada.

INOCÊNCIA



RITO

Menina, fostes vilipendiada pelos homens
Por teres deixado cair, num dia distante, as roupas
E, sem pudor, oferecido os lábios, a boca.

Menina, bem sei, que, por dentro, sorrias.
O que, para os outros, era sermvergonhice
Sabias ser libertação.
O prazer de deixar o corpo ser
Objeto de desejo, saciedade, satisfação.

Toda semente tem como destino ser flor
E, ali, se abristes para sempre ao amor.

Ilustração: http://www.boutiquesexy.com.br/dicas/striptease/strip01.jpg

Friday, November 07, 2008

GUILLÉN



LAS DOCE EN EL RELOJ


Jorge Guillen


Dije: Todo ya pleno.
Un álamo vibró.
Las hojas plateadas
Sonaron con amor.
Los verdes eran grises,
El amor era sol.
Entonces, mediodía,
Un pájaro sumió
Su cantar en el viento
Con tal adoración
Que se sintió cantada
Bajo el viento la flor
Crecida entre las mieses,
Más altas. Era yo,
Centro en aquel instante
De tanto alrededor,
Quien lo veía todo
Completo para un dios.
Dije: Todo, completo.
¡Las doce en el reloj!


Às doze no relógio

Disse: Tudo é pleno.
Um álamo vibrou.
As folhas prateadas
Soaram com amor.
Os verdes viraram cinzas,
O amor era o sol.
Então, ao meio-dia,
Um pássaro dissolveu
Sua canção no vento
Com tal adoração
Que se sentiu cantada
A flor pelo vento
Crescida entre messes,
mais altas. Era eu,
Centro naquele instante
De tudo em volta,
Para quem via tudo
Completo como um deus.
Disse: Todo, pleno.
As doze em ponto no relógio!

Thursday, November 06, 2008

GUILLEN


Vaso de agua

Jorge Guillen

No es mi sed, no son mis labios
Quienes se placen en esa
Frescura, ni con resabios
De museo se embelesa
Mi visión de tal aplomo:
Líquido volumen como
Cristal que fuese aun más terso.
Vista y fe son a la vez
Quienes te ven, sencillez
Última del universo.

Copo de água

Não é minha sede, não são meus lábios
Que se comprazem neste
Frescor, nem há ressaibos
De museu se embeleza
Minha visão de tal assomo:
Líquido volume como
Cristal que fosse e ainda mais terso,
Vista e fé de uma só vez
De quem te vê, sensibilidade
Última do universo.

Ilustração: doutrinad1coracaoapaixonado.blogspot.com/2008...

NO AR....O CHEIRO DE JASMIN



Perfume

Talvez minha vida se resuma
Na história sem memória
De contornar o pensamento

De que minha trajetória
Tenha por fim a suma glória
Do jasmin que vem no vento.

Ilustração: http://pensandoverde.blogtv.uol.com.br/img/Image/escafandro/2008/Abril/amazonas%202.bmp

TEUS OLHOS



Acima dos mistérios

Neste mundo de mistérios e espantos
Com os dons e prazeres de Deus
O mais inexplicável são os olhos teus.

Wednesday, November 05, 2008

OUTRA VEZ BLANCA


EJERCICIOS

Blanca Varela

I
Un poema
como una gran batalla
me arroja en esta arena
sin más enemigo que yo
yo
y el gran aire de las palabras
II
miente la nube
la luz miente
los ojos
los engañados de siempre
no se cansan de tanta fábula
III
terco azul
ignorancia de estar en la ajena pupila
como dios en la nada
IV
pienso en alas de fuego en música
pero no
no es eso lo que temo
sino el torvo juicio de la luz

Exercícios
I
Um poema
Como uma grande batalha
Me joga nesta arena
Sem mais inimigos que eu,
Eu
E o grande espaço das palavras.
II
Mente a nuvem
A luz mente
Os olhos
Os enganados de sempre
Não se cansam de tanta fantasia
III
Brigo com o azul
Ignorância de estar na pupila alheia
Como um deus no nada.
IV
Penso nas asas de fogo da música
Porém não
Não é isto que temo
Sim o torpe juízo da luz

BLANCA VARELA


LA LECCIÓN

Blanca Varela

Como una moneda te apretaré entre mis manos
y todas las puertas cederán
y lo veré todo
y la sorpresa
no quemará mi lengua
y comprenderé entonces el crecimiento de las plantas
y el cambio de pelaje en las pequeñas crías.

Hallaré la señal
y la caída de los astros
me probará la existencia de otros caminos
y que cada movimiento engendra dos criaturas,
una abatida y otra triunfante,
y en cada mirada morirá la apariencia
y desnudo y bello
te arrojará la fábrica entre nosotros.


A Lição

Como uma moeda te apertarei entre minhas mãos
E todas as portas cederão
E o verei todo
E a surpresa
Não queimará minha língua
E compreenderei então o crescimento das plantas
E a mudança nos pelos das pequenas crias.

Encontrarei o sinal
E a queda dos astros
Me provará a existência de outros caminhos
E que cada movimento engendra criaturas,
Uma abatida e outra triunfante,
E em cada olhar morrerá a aparência
E desnudo e belo
Te dedicarás à fábrica entre nós.

Ilustração: http://i.flogvip.net/fotos/b/e/b/bebeth/f/20071103165615304.jpg

Tuesday, November 04, 2008

PRILUTZKY


Quiero un amor de todos los instantes.

Julia Prilutzky

Quiero un amor de todos los instantes,
aunque no sea un amor para la vida;
quiero un amor con la ansiedad del antes
para después del ansia desmedida.

Quiero la fe de todos los amantes
en este solo amor, ver contenida:
tumulto de horizontes trashumantes
y luego, claridad de agua dormida.

Quiero un amor transfigurado en fuente
de todo florecer: fruto y simiente;
a tal único amor, mi amor sentencio:

aquél de la impaciencia y el latido
y la fiebre y el grito y el gemido
y el difícil momento del silencio.

Quero um amor de todos os instantes

Quero um amor de todos os instantes,
embora não um amor para toda vida;
Quero um amor com a ansiedade de antes
Para depois da ansiedade desmedida

Quero a fé de todos os amantes
neste único amor, vê-la contida:
tumulto de horizontes transcendetes
e logo, a claridade da água dormida.

Quero um transfigurado amor na fonte
de todo florescer: fruta e semente;
a tal único amor, meu amor sentencio:

Que tenha a impaciência de um cio
e a febre e os gritos e gemidos
e o momento difícil do silêncio.

Sunday, November 02, 2008

CHUVA E PREGUIÇA




A VIDA ME LEVA


Na cidade cinza
Num fim de tarde nebuloso
Onde o futuro
Tanto faz
Como tanto fez
Os velhos prédios assistem
As chaminés que tristes persistem
Soltando fumaça
Como sonhos que se vão.
Uma mulher de cabelos vermelhos,
Por contraste,
Me oferece a ilusão do amor
E, por falta do que fazer e frio,
Sigo o caminho da vida
Como uma folha no rio.