Wednesday, December 03, 2008

ATMOSFERA...LUZ...SOM...VOZ...



Ocaso do Cantor de Cabaré

Não sei por quantas noites tive que cantar
Em palcos pobres, ruins, locais chinfrins.
Só o meu amor a me encorajar
Dizia:"Vai lá! Canta para mim!"

E eu cantava a me desesperar
Sem ter esperança de sucesso, enfim,
Entre a vida miserável e o camarim
Minha estrela vivia a se apagar.

Muitas vezes até pedi a Deus em vão
Que me desse outra vida qualquer
Em que pudesse ter o leite e o pão
E não o corpo fácil de uma mulher.

A vida nos palcos é pura embriaguez
Ainda mais sendo cantor de cabaré.
O meu amor cansou se foi de vez
E passei a cantar sem amor nem fé.

As noites, os sons de pianos, violões,
Mulheres mentirosas, bebidas, sensações
E a minha voz se perdendo nas canções
Que falavam de perdidos corações

Começaram a criar a minha fama
De ser o melhor cantor possível
Dos que brilhavam na vida de lama
E me portava como um ser insensível.

Trocando apenas de mulher na cama
Passei a vida apenas encenando
Um personagem que ninguém mais ama
Quando a luz do palco vai se apagando.

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