Sunday, January 13, 2008

LIVRE PENSAR


Viagem

Tudo, ao fim e ao cabo,
Inútil salta
Ainda que o dizer verbalizado
Tente dar sentido
Ao resguardado
No fundo da alma,
No longínquo sentimento
Que em tristeza só se manifesta.

Hoje com o tempo livre
enrodilho-me no espaço das lembranças
como quem folheia
um manuscrito de outrora

um objeto do passado

procurando explicações,
chaves, formulas secretas,
reconstituições
do que já se perdeu....

Vago no olhar e no tocar

imóvel

pelos mistérios
de silêncio e paz

e contudo

Só me encontro
quando paro,
me deparo
com a sensação inexprimível
do nunca mais.

2 comments:

Lia Noronha said...

Silvio: essa sensação do nunca mais...e muito parecida com a do agora ou nunca...sendo que a segunda...ainda traz uma alternativa!
Abraços carinhosos da amiga que mesmo distante pensa sempre em vc.

Angela Ursa said...

Silvio, quando penso na passagem do tempo, dos momentos, sempre me vem o texto da Clarice Lispector que fala de captar o instante-já, que é fugidio e tornou-se um novo instante. Então, o nunca tem a ver com isso, com o novo que está sempre brotando. Beijos da Ursa :))