Tuesday, April 18, 2006

O DIA SEGUINTE

As flores no lixo
Os bombons esmagados pelo tapete
Os cigarros e bebidas espalhados pelo chão.
A cabeça mais pesada
Do que o pescoço pode manter
Parece me perguntar
Para onde foi todo o prazer?
Sinto frio, apesar do cobertor sob o corpo nu,
E no divã ao lado alguém deitado
Que não é ninguém
De jeito nenhum... exceto pelo que gozei...
Ainda que, na verdade, só em ti pensei
(até nem sei se ela sentiu prazer,
embora deixou transparecer,
pelo fato de gemer).
E tua lembrança ainda me roça
Quando toca a música que é nossa,
Nossa canção de amor.
Que, por ironia, no CD se repete
Ferindo o silêncio
Trazendo, na manhã, teu fantasma,
Levando minha já perdida alma,
Me fazendo lembrar de tua foto na gaveta.
Minha consciência, ou o que dela resta,
Ainda protesta
Contra minha falta de remorso.
Penso que faço, fiz, o que posso,
Mas tuas palavras não esqueço:
“-Meu amor, eu te mereço!”
E isto é apenas o começo
De todos os dias futuros
Sem te ver.

1 comment:

Saramar said...

Sílvio, são belíssimas a dor, a saudade, a ausência tranformadas em versos.
Lindo, lindo, aliás, como todos, como tudo que você escreve.

Beijos