Wednesday, April 26, 2006

UM POEMA DIFERENTE

CELL SONG

Etheridge Knight

Night Music Slanted
Light strike the cave of sleep. I alone
tread the red circle
and twist the space with speech

Come now, etheridge, don't
be a savior; take your words and scrape
the sky, shake rain

on the desert, sprinkle
salt on the tail
of a girl,

can there anything
good come out of
prison

CANÇÃO DA PILHA

Música na noite rolando
Som suave na caverna do sono. Sozinho
piso o círculo vermelho
e giro o espaço com o discurso

Venha agora, etheridge, não
seja um salvador; tome suas palavras e raspe
o céu, espalhe a chuva

sobre o deserto, salpique
o sal na cauda
da menina,

qualquer coisa
pode ser boa
fora da prisão

Sunday, April 23, 2006

DUAS POESIAS DE WILLIAM BAECKER

Y NO TE ENGAÑES
William Baecker
Y no te engañes:
sólo el amor perdura.
Así como el amor, es la poesía:
un monte de ansiedades y tristezas,
un sepultar relámpagos de angustias
que, al final de las cosas, son primeras.
Y no te engañes.
Así son las quimeras:
después de los otoños, los inviernos
anuncian otra vez la primavera.
Por eso digo, a veces,
–hablando de poesía–
que el dolor que me causa amarte
tanto es el puro placer de la agonía.
Y no te engañes:
después de los silencios y amarguras,
después de las primeras alegrías,
sólo el amor perdura.
(De: No hace falta decirlo, 1998).

E NÃO TE ENGANES

E não te enganes:
Só o amor perdura.
Assim como é o amor, é a poesia:
um monte de ansiedades e tristezas,
para enterrar os relâmpagos de angustias
que, no final das coisas, são primeiras.
E não te enganes.
Assim são as quimeras:
Depois dos outonos, dos invernos
anunciam outra vez a primavera.
Por isto digo, às vezes,
- falando da poesia
que a dor que me causa te amar
tanto é puro prazer como agonia.
E não te enganes:
Depois dos silêncios e da amargura,
Depois das primeiras alegrias,
Só o amor perdura.
( Não Faz Falta Dizê-lo, 1998).

CUANDO REGRESE
Cuando regrese el sol
–si es que se fue–
me acordaré de ti.
(De: Era un simple cariño, 1995)

QUANDO RETORNAR
Quando o sol retornar
-se é que se foi-
Eu acordarei de ti.
( Era um Simples Carinho, 1995)

GLÓRIA

Meu nome real
Fiz questão de esquecer
Antes da última vez
Que alguém pronunciou.
De fato sou
A luminosa estrela
Que uma placa escandalosa comemora,
Numa praçinha inglesa qualquer,
Na qual, sob a estátua, gloriosamente,
está escrito:
"Glória Gay, o primeiro homem a virar mulher!
(De Poemas Mal Comportados).

Saturday, April 22, 2006

AUSENCIA DEL CHONCHO

Atilio Duncan Pérez da Cunha

a Jorge Lazaroff
"...uno se va muriendo con cada amigo que se muere. Uno no se muere de golpe".
Aníbal Troilo
la melancolía ya definida
como una gorda triste
se estira en notas azules y saxofonea
como un domingo de lluvia
y me enfrenta con la mirada del choncho
ya muertito y con los ojos abiertos
"con qué derecho te entristecés
boludo
si yo me estoy bancando
toda esta muerte encima"-
¿acaso puede la poesía
maquillar la muerte de un hombre de 39 años
que deja mujer y un hijo?-
giran viejos discos
y el choncho me enfrenta con la máscara
que la muerte le puso para la ceremonia
y me está diciendo que ya no somos inmortales
que el segundo tiempo no sale a jugarlo
pero que no es walk over
ni abandono
sino muerte simple muerte
perra que hunde el hocico húmedo
en la cabeza de ceniza
en los huesos pobrecitos
de los que el choncho se levanta corajudo
para raspar la máscara mortuoria
a punta de ojos vivos
y asomarse a la vida:
"dame un abrazo hermano"
que es una manera de decirme
"no te quedes parado en media cancha
como un flojo
o apretado en los brazos jamones de la gorda triste"
eso decía el choncho o lo imagino
antes de que se enfriara su mirada.

A AUSÊNCIA DO MESTIÇO

a Jorge Lazaroff
"...cada um vai morrendo com cada amigo que se morre. Ninguém morre inesperadamente". Aníbal Troilo

A melancolia já definida como uma gorda triste
se estica em notas azuis e saxofônicas
como um domingo de chuva
e me enfrenta com o olhar do mestiço
já mortinho e com os olhos abertos
"com que direito te entristeces
balofo
se eu estou bancando tudo
com toda esta morte em cima" -
talvez possa a poesia maquilar
a morte de um homem de 39 anos
que deixa mulher e um filho?-
giram velhos discos
e o mestiço me enfrenta com a máscara
que a morte lhe pôs para a cerimônia
e me está dizendo
que já não somos imortais
que não vai jogar o segundo tempo
mas que não está caindo fora
nem abandonando
senão que a morte
a simples morte cachorra
afunda o seu focinho úmido
na cabeça de cinza nos ossos dos pobrezinhos
dos que como o mestiço se levantam cheio de coragem
para raspar a máscara mortuária
a ponta de olhos vivos
e assomar-se à vida:
"dá-me um abraço irmão"
que é uma maneira de dizer-me
"não fiques parado no meio campo
como um frouxo
ou apertado nos braços presuntos da gorda triste"
isso dizia o mestiço ou imagino
antes que seu olhar esfriasse.

POESIA SOBRE A NÃO POESIA

INSTANTÁNEA SIETE DE SINCRONÍAS

Sylvia Riestra

Como cuando éramos niños
volvieron palabras
reminiscentes de historias lejanas
de viajes de aventuras
-Bagdad Basora Jerusalen
Damasco Omán –
pero no se trataba ahora de esas historias
En el Golfo Pérsico
ardía el petróleo el planeta
imágenes de aves atrapadas
en mantos negros
recorrían las pantallas
nuevos símbolos del día después
- advertencias apocalípticas -
aunque era hasta agradable
el espectáculo de luz y sonido
el marco oscuro o velado
que nos llegaba
- como en sueños o en cuentos -
alguna cúpula lejana donde un muecín
llamaría a oración
- una luz fulgurante -
- una estrella fugaz
con el poder de alguna antigua lámpara -
y el estruendo final de los misiles
que otra vez habían dado en el blanco:
Bagdad desaparecía como una página más
de Las Mil y una noches
más o menos simultánea
fragmentaria yuxtapuesta incompleta
como instantáneas

INSTANTÂNEO SETE DE SINCRONIAS

Como quando éramos crianças
Lembramos palavras
Reminiscências de histórias distantes
De viagens de aventuras-
Bagdá, Basfora, Jerusalém,
Damasco e Oman-
Porém não se tratava dessas histórias
Agora no Golfo Pérsico
- ardia o petróleo do planeta
Imagens capturadas dos pássaros
em mantos pretos
cruzaram as telas
símbolos novos do dia seguinte
- avisos do apocalipse-
embora fosse até agradável
o espetáculo de luz e do som
o quadro obscuro ou velado
que nos chegava
- como em sonhos ou histórias -
em alguma cúpula distante onde um monge
chamava para a oração
- uma luz fulgurante -
- uma estrela fulgaz-
com o poder de alguma lâmpada mágica-
e o rugido final dos mísseis
que acertavam outra vez o alvo:
Bagdá desaparecia como uma página mais
das Mil e uma noites
mais ou menos simultânea
fragmentária, justaposta incompleta
como instantâneos.

POEMA PÓS-MODERNO

http://www.arteosma.com/dukessa/n021.jpg

Este é o genuíno
Poema pós-moderno
(E, talvez, o primeiro e o último).
Enfim a superação de Pound, Eliot,
Borges & Rimbaud
Com um toque completamente macunaímico.
E, como é anormal,
Escrito, por um completo desconhecido,
Em português, um código secreto
Usado no Brasil,
Que proporciona a única rima ausente:
Quem não gostar....
Quem já foi?
(De Poemas Mal Comportados)

Tuesday, April 18, 2006

O DIA SEGUINTE

As flores no lixo
Os bombons esmagados pelo tapete
Os cigarros e bebidas espalhados pelo chão.
A cabeça mais pesada
Do que o pescoço pode manter
Parece me perguntar
Para onde foi todo o prazer?
Sinto frio, apesar do cobertor sob o corpo nu,
E no divã ao lado alguém deitado
Que não é ninguém
De jeito nenhum... exceto pelo que gozei...
Ainda que, na verdade, só em ti pensei
(até nem sei se ela sentiu prazer,
embora deixou transparecer,
pelo fato de gemer).
E tua lembrança ainda me roça
Quando toca a música que é nossa,
Nossa canção de amor.
Que, por ironia, no CD se repete
Ferindo o silêncio
Trazendo, na manhã, teu fantasma,
Levando minha já perdida alma,
Me fazendo lembrar de tua foto na gaveta.
Minha consciência, ou o que dela resta,
Ainda protesta
Contra minha falta de remorso.
Penso que faço, fiz, o que posso,
Mas tuas palavras não esqueço:
“-Meu amor, eu te mereço!”
E isto é apenas o começo
De todos os dias futuros
Sem te ver.

MINIDIVAGAÇÃO

Uma flor, uma flor
Rara desabrocha,
Mas logo onde? Na rocha.

A vastidão do mundo me oprime.
A visão estreita
Quer que eu rime.

O sol é uma estrela ordinária.
E a Terra gira em seu redor.
Eu e o grão-igual ária.

Flor,vastidão, mundo,
Sol, estrela.
O ruim da vida é perdê-la!

Monday, April 17, 2006

UM POETA BRASIGUAIO

Y AL FINAL LAS COSAS
William Baecker

Y al final de las cosas,
yo soy un hombre triste, lo confieso;
no me conmueve nada:
ni el beso de llegada que me diste
ni el beso de partida que olvidaste.
Y así, con los olvidos,
de pronto se te fueron los abrazos
y a mí se me escaparon,
como palomas blancas,
las palabras.

NO FINAL DAS COISAS

E no final das contas
Eu sou um homem triste e confesso
Que não me comove nada:
Nem o beijo de chegada que me destes
Nem o beijo de partida que esquecestes.
E assim com os esquecimentos
Tão de pronto se foram os abraços
E de mim fugiram,
Como pombinhas brancas,
As palavras

Sunday, April 16, 2006


"suffer" by michael ian bateson

The Burning Field
Cyril Wong

The perfect poem would arrive
when I turn forty,

or maybe older, I told myself
before coming home this evening

to the voices of ma and pa
scraping like plates of the earth

along a fault, while my sister
crumbled like a house on fire

outside their bedroom door.
And I knew

I could not wait. That night,
I sat before my computer screen

and waited for the poem
to come like rain

upon a burning field,
and did not sleep.

O campo ardente

O poema perfeito seria feito
quando chegasse aos quarenta,

ou talvez mais velho, disse a mim mesmo
antes de vir para casa esta noite

as vozes de mamãe e papai
raspam como placas a terra

por uma falta, minha irmã
se esfarelou como uma casa pegando fogo

do lado de fora da porta do seu quarto.
Eu sabia

que eu não poderia esperar. Aquela noite,
me sentei ante a tela do meu computador

e esperei o poema vir
como vem a chuva

em cima de um campo ardente,
e não consegui dormir.

Saturday, April 15, 2006

SÓ EU, EU SÓ

Em não olhar nos teus olhos
sei que da vida estou fora
o vazio no meu peito
só vê a passagem das horas
o tempo que vai embora
via a tristeza segura
do olhar que foi embora

Procuro pelo meu centro
nos versos, neste poema
tudo, porém, é só cena
a vida não tem intento.

Só eu
sei que é muito tarde
que a raiz secou lá dentro
e a chama que ainda arde
será cinza em pouco tempo.
E só restará o pó.
Só eu, eu só.

VIDA BOA É A DOS OUTROS....

Richard Cory
Edwin Arlington Robinson

Whenever Richard Cory went down town,
We people on the pavement looked at him:
He was a gentleman from sole to crown,
Clean favored, and imperially slim.

And he always quietly arrayed,
And he was always human when he talked;
But still he fluttered pulses when he said,
“Good morning”, and he glittered he walked,

And he was rich-yes, richer than a king
And admirably schooled in every grace:
In fine, we thought that he was everything
To make us wish that we were in his place

So on we worked, and waited for the light,
And went without the meat, and cursed the bread;
And Richard Cory, one calm summer night,
Went home and put a bullet through his head.

Richard Cory

Sempre que Richard Cory ia até a cidade cada mês,
Que o povo, na calçada, o olhasse era fatal:
Era um cavalheiro da cabeça aos pés,
De feições perfeitas, esbelto, imperial.

E sempre elegantemente bem vestido
E sempre muito humano quando falava;
Mas só em falar as pulsações haviam crescido,
"Bom dia", e até no andar ele brilhava.

E era rico-sim, mais rico do que um soberano
E admirável e educado em cada assunto singular:
Em suma, devia ter tudo possível a um ser humano.
O que nos fazia desejar estar no seu lugar

Assim nós vivemos esperando luz para a alma
E fomos sem a carne, e o pão a maldizer tão tolos ;
E Richard Cory, num verão, na noite calma,
Em casa estourou, com uma bala, os miolos.
Obs.: A ilustração é proveniente de www.karenwheeler.com/gallery_humorous.html

Friday, April 14, 2006

PALAVRAS DE AMOR URUGUAIAS

PONGAMOS QUE HABLO DE MI AMOR
Atilio Duncan Pérez da Cunha
para Sylvia, sin dudas, pero también a Mario Benedetti

durito de matar como bruce willis
aletea como un pájaro cantores
indivisible como el número 0
y después de él no hay nada
nada de nada
es útil como un cabello de Angel
en medio de un campo de trigo
así es el amor
éste
no es juguete
como una peluca electrónica
un papagayo de hule
un arco de triunfo con desfile
o un gato de siam
con una cinta roja
así es es el amor
éste
no es un puro ejercicio literario
con palabras que estallan
como cohetes azules
fuegos artificiales que hacen cosquillas
a la barriga del cielo
así es
todo el tiempo el pobrecito
zurce sombras y luces
reflejos del sol de mediodía
o de media tarde
para repetirse una y otra vez
"eres mejor que toda tus imágenes".

SUPONHAMOS QUE FALO DE MEU AMOR
para Sylvia, sem dúvidas, mas também a Mario Benedetti

Durinho de matar como Bruce Willis
sonoro como um pássaro cantores
indivisível como o número 0
que depois dele não há nada
nada de nada
és útil como um cabelo de anjo
no meio de um campo de trigo
assim és o amor este
não és um brinquedo
como uma peruca eletrônica
um papagaio de borracha
um arco de triunfo com desfile
ou um gato siamês
com uma fita vermelha
assim és és o amor este
não és um puro exercício literário
com palavras que estouram
como foguetes azuis fogos artificiais
que fazem cócegas à barriga do céu
assim és o tempo todo o pobrezinho
que cerzi sombras e luzes
reflexos do sol no meio dia
ou no meio da tarde
para repetir-se uma e outra vez
"és melhor do que toda tuas imagens".

Thursday, April 13, 2006

TRÊS POESIAS DE UM POETA URUGUAIO


A Poesia de Washington Benavides


Un tango
Un tango que venía más solo que la muerte
tanteó mi corazón con mano ciega
el silbo se me fue de entre los labios
y la deshabitada boca entró en la tierra.

Um tango
Um tango que soou mais só que a morte
Tateou meu coração com a mão tão cega
Que levou o assobio de meus lábios
E a desencantada boca enfiou na terra.



Los pies clavados
Aqui y en guardia a tu probable signo,
aquí me encontrarás, si acaso quieres.
Has de mirarte en simulacro indigno
de la fatal belleza con que hieres.
Tu nombre,al que Fray Luis en glosa santa
fray-mentara,es un ave de ala trunca,
es un silbo de oro en la garganta
que empieza siempre y que no acaba nunca.
Ojos de barro para ti deseara;
no la mitra ni el halo que decae
no entenderte, beberte en fuente clara-
Pero nombro la cuerda del ahorcado:
que médula de nieve te retrae
"si estás para esperar los pies clavados"?

Os pés cravados

Aqui de guarda a teu provável signo,
aqui me encontrarás, se acaso queres.
Irás te olhar em simulacro indigno
desta fatal beleza com que feres.
Teu nome, ao qual Frei Luis em glosa santa
fragmentara, é uma ave de asa troncha,
um assovio de ouro na garganta
que começa sempre e sempre engancha.
Olhos de barro para ti desejara;
sem a mitra nem o halo que decai
não te entender, te beber em fonte clara-
Porém nomeio a corda do enforcado:
que medula de neve te retrai,
"se estás a esperar com os pés cravados"?

Sabiduría
No es un elefante asiático
que se te viene encima
haciendo retemblar la tierra
de los sueños.
El tiempo calza zapatillas de tenis
y es una enérgica muchacha
a la que no podrás disputarle
un solo game.

Sabedoria

Não foi um elefante asiático
que te esmagou
fazendo retumbar
a terrade teus sonhos.
O tempo calça sapatilhas de tênis
na pele de uma atlética senhorita
com a qual não podes disputar
sequer um game.

Wednesday, April 12, 2006

EN SILENCIO
María Luisa Artecona de Thompson
En el fondo de mí
ya no hay
palabras.
Sólo un cristal
de otoño
ceniciento
que escucha el golpear
de algunas hojas
y el pasaje fugaz
de gotas finas.
Ya no me queda
al fin
de esta jornada,
sino el mirar
sin ver
de mis pupilas;
ni el crepitar
del llanto
existe ahora;
soy, apenas;
la piedra del camino.
Sostengo
a solas
mi frutal
maduro
por el sol de la angustia
y de la pena.
No sé
de dónde llegan
mis heridas
ni a qué destinos
yo
y ellas vamos.
En el fondo de mí
ya no hay
palabras.
Sólo hay un ser que piensa
y se amalgama
con el silencio y en silencio
estamos.

EM SILÊNCIO

No fundo de mim
Já não há palavras.
Só um cristal
de outono cinzento
que escuta o desfolhar
de algumas folhas e
a passagem fugaz
das finas gotas.
Já não me sobra
ao fim desta jornada,
senão o cego
olhar de minhas pupilas;
nem as lágrimas do pranto
existe agora;
sou, apenas,
a pedra do caminho.
Sustento
a sós
meu pomar maduro
pelo sol da angústia e da pena.
Não sei de onde
chegam minhas feridas
nem a que destinos
eu e elas chegaremos.
No fundo de mim
já não há palavras.
Só há um ser que pensa
e se converte no silêncio
e no silêncio estamos.

Monday, April 10, 2006

UMA POETISA PARAGUAIA

EL BESO
Delfina Acosta

Voy a contarte un cuento que otras saben.

Las menos como tú jamás supieron.

Era un juego de a dos pues se enfrentaban

un rey hermoso y una reina a besos.

Y érase que ella alegre se moría

como última tecla en cada beso.

Y él riendo tomaba con su boca

un poco de su lengua y de su aliento.

Pasó el verano bajo el puente chino,

sopló el otoño y garuó el invierno,

volvió la primavera y se marchó

detrás de un par de niños aquel juego.

Y érase esa mujer que aún lo amaba,

y moría de pena, pero en serio.

Y érase la tristeza en el ciprés

la hora en que llovía en ese reino.

(De: Querido mío:, 2004)

O BEIJO
Vou contar-te um conto que outras sabem.
As menores como tu jamais souberam.
Era um jogo a dois, pois se enfrentavam
um rei formoso e uma rainha aos beijos.
E era assim que ela alegre se matava
como a última tecla em cada beijo.
E ele rindo roubava com sua boca
um pouco de sua língua e de seu alento.
Passou o verão sob a ponte chinesa,
soprou o outono e garoou o inverno,
voltou a primavera e marchou
por trás de um par de meninos aquele jogo.
E assim era essa mulher que ainda o amava,
e morria de pena, porém a sério.
E assim era a tristeza no cipreste
à hora em que chovia nesse reino.
(De: Meu Querido, 2004)

UM´POETA PARAGUAIO

POESIA
Víctor R. Casartelli

a Li Tai Po, que estará

bebiendo vino en las estrellas
Esta pasión secreta que nos mueve
a descifrar los símbolos, los sueños,
para cifrar con ellos la certeza,
¿es pasión en verdad o es la quimera
de urdir algunos versos con la trama
del amor, el dolor y la belleza?
Temblando ante la flor que se abre al mundo;
extático ante el beso o la mirada
que se prodigan los amantes núbiles
o sollozando sobre el pecho frágil
de los desamparados,
mi propia voz responde,
malabarando el verbo que se vuelve
–para mi corazón desguarnecido–
canción a la hermosura,
saeta del amor,
amparo en la tormenta.



POESIA
a Li Tai Po, que estará

bebendo vinho nas estrelas
Esta paixão secreta que nos move
a decifrar os símbolos, os sonhos,
para cifrar com eles as certezas,
é paixão na verdade ou é a quimera
de urdir alguns versos com a trama
do amor, da dor e da beleza?
Tremendo ante a flor que se abre ao mundo;
estático ante o beijo ou o olhar
que se esbanja com os virgens amantes
ou soluçando sobre o frágil peito
dos desamparados,
minha própria voz responde,
malbaratando o verbo que se volta
–para meu coração desguarnecido–
canção da formosura,
flecha do amor,
amparo na tormenta.

Sunday, April 09, 2006

UM POETA DE RIBERALTA

La Vida Me Está Matando

Pedro Shimose

Ya no me persigue el terror político
con su rayo láser,
ni los prójimos me aman
con su palo y su picana eléctrica.
Ya no me ofende la Declaración Universal
de los Derechos Humanos,
ni la bomba me quita el sueño,
ni siquiera los disparos
de una guerrita en Africa o Europa,
¡qué más da!
Caen los muros,
crecen los lamentos.
Y el odio vuelve
con sus ángeles violentos.
El Sur sigue donde estaba.
No nos portamos mal
(es evidente)
y todos tan contentos,
constitucionalmente.
Esta vida me sobra
con su nicotina,
con su infarto y su cáncer,
con su miedo al sida y las jeringas.
Sólo el amor
y la poesía
pueden ser míos
cuando a nadie parece ya importarle
el amor
y
la poesía.

A Vida está me matando

Já não me persegue o terror político
com seu raio laser,
nem os próximos me amam
com seus cassetetes e serras elétricas.
Já não me ofende a Declaração Universal
dos Direitos Humanos
nem a bomba me tira o sono
nem sequer uma guerrinha na
África ou na Europa.
O que mais acontece?
Caem os muros,
crescem os lamentos
o ódio volta
com seus anjos violentos.
O Sul segue para onde sempre esteve
Não nos portamos mal
(é evidente)
e todos estão contentes,
constitucionalmente.
Esta vida me excede
com sua nicotina,
seu enfarte e câncer,
com o medo da Aids e das seringas.
Só o amor e a poesia
podem ser meus
quando a nada parece importar
o amor
e a poesia.

O GRANDE POETA DE COCHABAMBA

La nao

Antonio Terán Cabrero

una cáscara apenas
en la impalpable imagen de los signos
con que se sueña alado un topo

una canción en la quietud del río
y en la canción un barco
desperezándose

huye tú visitante casual de este paraje
si no quieres quemarte en una hoguera silenciosa

la no colmada sed del puro instante
le ha dado nacimiento
a pesar de sus huesos de
carcoma
sobre un río sin agua

porque ya estuvo en el
infierno
y despierta en el vientre de una clara botella

como una melodía

en medio de la noche
iluminando un charco

esa calle de la infancia
aquel farol bajo la lluvia
o sólo el barco de papel que ha remontado
la corriente
y ahora tiembla en mi mano

más allá
del íntimo velamen
le espera el laberinto
del otro inmenso mar
donde las férulas no llegan

podrá entonces gritar todos los gritos
que no fueron
en la precaria palidez de nuestros días

así navegue en círculos
dentro del ojo ciego de la
esfinge

todo en la breve eternidad
de narrarse en el agua

A nau

Uma casca apenas
na impalpável imagem dos signos
com que se sonha soando alto

uma canção na quietude do rio
e com a canção
um barco despregando-se

foge tu visitante casual destas paragens
se não queres queimar-te na fogueira silenciosa

a não saciada sede do puro instinto
lhe há dado nascimento
apesar dos montes de ossos
sobre um rio sem água

porque já estava no inferno
e desperto no ventre de uma garrafa transparente
como uma melodia
no meio da noite iluminando um pântano

esse rio da minha infância
aquele farol sob a chuva
ou só o barco de papel que recuperei
da corrente
e agora treme em minhas mãos

mais além
do intimo velame
lhe espera o labirinto
de outro imenso mar
onde as borboletas não hão de chegar

podes então gritar todos os gritos
que não gritou
na precária palidez de nossos dias

assim navegue em círculos
dentro do olho cego da esfinge

tudo na breve eternidade
está escrito na água.

Saturday, April 08, 2006

UM POETA BOLIVIANO

CALÍGULA

Oscar Cerruto

Es la hora que más odias,
cuando la tarde cae
como si se desplomara del tejado.
Lobregueces rastreras
corren bajo tus pies y sientes
que eso que pasa enfriándote la cara
no es el viento.
Comienzas a oír voces
que nadie más oye.
Crees ver centuriones
de niebla entre la niebla,
manos que flotan,
lenguas arrancadas,
y disolverse en la noche
la tediosa muralla que te aísla.
Tu sombra acobardada te precede
por los polvorientos salones del palacio.
Y llegas a tu lecho en los hostiles dormitorios
sabiendo que allí sólo te aguardans
ueños enemigos.
Sueños con dientes sin fatiga,
puntuales, pertinaces
como la oscura rata que noche a noche
roe en las tablas del piso.

Calígula
É a hora que mais você odeia,
O cair da tarde
Que se destelha como um telhado.
Lentamente, rastejando
a escuridão se instala sob seus pés e você sente
que o que esfria seu rosto, de passagem,
não é o vento.
Começas a ouvir vozes
que ninguém mais ouve.
Começas a ver centuriões de névoa entre as névoas,
mãos que flutuam,
línguas arrancadas, e a dissolver-se na noite
a muralha que te isolava.
Tua sombra temerosa te precede
pelos salões poeirentos do palácio.
E chegas ao teu leito
Em dormitórios hostis
sabendo que ali somente te aguardam
sonhos inimigos.
Sonhos com dentes sem fadiga,
precisos, persistentes
como o preto rato que, noite após noite,
rói as tabuas do assoalho.

UMA POETISA BOLIVIANA

Ilustração Juarez Jarbas-www.comartevirtual.com.br
De "Territorial"
(fragmento)
Blanca Wiethüchter

Sólo tengo este cuerpo. Estos ojos y esta voz
Esta larga travesía de sueño cansada de morir.
Conservo el temor al atardecer.
No se comunica con nadie.

Por mi modo de andar
algo descubierto un poco esperando
cambio frecuentemente de parecer
conmigo no puedo vivir segura.

Habito un jardín de palabras
que han dejado de nombrarme
para nombrarla.
No me atrevo
pero es necesario decirlo. Es un secreto.
En realidad somos dos.

Ahora debo inventar a la otra.

De Territorial
(Fragmentos)

Só tenho este corpo. Estes olhos, esta voz
Esta larga travessia cansada de morrer.
Conservo o temor do entardecer.
Que não comunica nada.

Por meu modo de andar
Há algo descoberto um poço esperando
Troco freqüentemente de parecer
Comigo não se pode viver segura.

Habito um jardim de palavras
Que hão deixado de nomear-me
Para nomeá-la. Não me atrevo
Porém é necessário dizê-lo. É um segredo.
Na realidade somos duas.

Agora devo inventar a outra.

Friday, April 07, 2006

UM POETA PERUANO


CEMENTERIO DE PERROS
Carlos López Degregori

Una tarde encontré siete perros muertos en la carretera.
Canté aspirando el aire, las moscas, la violencia
y supe que sería definitivo mi verano.
Cómo llegaron aquí.
No sé.
La sabiduría es siempre de los huesos.
Pero pronto cumpliré los 33,
me casaré y tal vez tenga siete hijos.
Y cuando llegue la tarde en que confluyan veranos, carreteras
y una mosca perfecta me recuerde este cementerio de sol
cantaré de nuevo el triunfo de los perros.

CEMITÉRIO DE CACHORROS
Uma tarde encontrei sete cachorros mortos na estrada.
Cantei aspirando o ar, as moscas, a violência
e soube que o meu verão seria definitivo.
Como chegaram aqui.
Não sei.
A sabedoria é sempre dos ossos.
Porém logo farei 33 anos, me casarei
e talvez tenha sete filhos.
E quando mais tarde quando confluírem os verões, estradas
e uma mosca perfeita me recorde este cemitério de sol
cantarei de novo o triunfo dos cachorros.

Wednesday, April 05, 2006

EPICURISTAS, GRAÇAS A DEUS


A poesia do Olavo Bilac foi obtida no http://ferraro-rio.blogspot.com, um blog bom para relaxar...

Moralistas, perdoai!
(Olavo Bilac)

Nua, mas para o amor não cabe o pejo.
Na minha a sua boca eu comprimia
e,em frêmitos carnais, ela dizia:
- Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
Na inconsciência bruta do meu desejo fremente,
a minha boca obedecia.
Os seus seios, tão rígidos, mordia,
fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos
disse-me ela,ainda quase em grito:
- Mais abaixo, meu bem!
Num frenesi, no seu ventre pousei a minha boca.
- Mais abaixo, meu bem!
Disse ela, louca.
Moralistas, perdoai! Obedeci...

Moralistas, pouco importam!
(Olavo Bilac atualizado)

Nua, mas para o amor a nudez é ensejo.
Na minha a sua boca se alargava,
em beijos colossais, ela dizia:
- Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
Na consciência delicada do meu querer ardente,
lentamente a boca escorregava.
Os seus seios, docemente eretos, mordiscava,
deixando-a molhadinha de desejo.
Em suspiros de gozos infinitos me rogava,
excitada quase num sussurro:
- Mais abaixo, meu bem!
No embalo em seu umbigo pousei a minha boca.
- Mais abaixo, meu bem!
Disse ela, louca.
Moralistas, pouco importam! Obedeci...

Tuesday, April 04, 2006

OUTRO POETA PERUANO

S / T

Carlos Oliva

Tu tesoro, Carlos Oliva, es el amor que perdiste
en tus manos de navegante ebrio,
de náufrago sobre un tronco a la deriva,
de marino agotado de tanto nadar contra la corriente,
para llegar tenuemente hacia la reseca.
Mi poesía en sí no tiene nada que ver con la poesía:es un clamor de condenado.
Es una protesta, pero esta protesta es principalmente contra mí mismo.
El canto por el canto en sí no existe (ni siquiera en los pájaros).
El objeto de mi canto –lo que sea- es el de liberarme de mí mismo,
negarme a mí mismo, es decir salvarme a mí mismo.
De mi propia autodestrucción que está a punto de desintegrar mi vida.
Es una protesta contra mi condición humana, narcisista y sórdida y decadente.

S / T
Teu tesouro, Carlos Oliva, é o amor que perdestes nas tuas mãos
de navegante ébrio, de náufrago sobre um tronco à deriva,
de marinheiro esgotado de nadar contra a corrente,
para chegar tenuemente à ressaca.
Minha poesia em si não tem nada que ver com a poesia: é um clamor de condenado.
É um protesto, mas este protesto é principalmente contra mim mesmo.
O canto pelo canto em si não existe (nem sequer nos pássaros).
O objeto de meu canto –o que quer que seja- é o de libertar-me de mim mesmo,
negar a mim mesmo, quer dizer me salvar de mim mesmo.
De minha própria autodestruição que está a ponto de desintegrar minha vida.
É um protesto contra minha condição humana, narcisista e sórdida e decadente.

UM POETA PERUANO

PN
César Ángeles L.

A mi madre
debiera enseñarle mi pene
tal vez se convenciera de
que ya no soy un niño

A ti también
que te asustas cuando lees pene
debiera enseñárte lo
tal vez así dejarías de asustarte

A mi papá también
para que deje de aliarse a mi madre

(o tal vez no debiera enseñar nada:no vaya a ser que consideren
mejor reventarme los pulmones)

PN

A minha mãe deveria ensinar meu pênis
talvez se convencesse
de que não sou mais um menino

A ti também
Que te assustas
Quando digo pênis
Deveria ensinar-te
Para não mais se assustar

A meu papai também
para que deixe de se aliar a minha mãe

(ou talvez não devesse ensinar nada:
Pode ser que considerem mais fácil arrebentar-me os pulmões)

Monday, April 03, 2006

AINDA POMPONIO

Viajando desde lo invisible
Juan Pomponio

Aplaudiendo el acto del fuego
vándalos enamorados
saquean al corazón
profanando lo único que importa.
Jinetes del alba
cabalgan para atrapar
el rocío de tu cuerpo
que brilla en la inmensidad.

Viajando do invisível

Aplaudindo o ato do fogo
Vândalos enamorados
Saqueiam o coração,
O único que importa.
Cavaleiros do amanhecer
Cavalgam para atrapalhar
O orvalho de seu corpo
Que brilha na imensidão.

OUTRA POESIA DE POMPONIO


Éxodo infinito
Juan Pomponio

El éxodo de mi alma
Sigue su camino.
Y cada uno salvará su parte
y cada parte será de nadie
y nadie comprenderá lo que sucede:
en cada señal
un corazón.

Exodo infinito

O êxodo da minha alma
Segue seu caminho.
E cada um salvará sua parte
E cada parte será nada
E nada comprenderá do que sucede:
Em cada sinal
Um coração.

UM POETA ARGENTINO

Al despertar
Juan Pomponio
Cada uno de nosotros tendrá
que ubicar el origen del sol
el motivo de la luna
el sueño de las estrellas.
El brillo del camino espera
por el coraje de aquellos hombres
despiertos.





Ao despertar

Cada um de nós,
Ao despertar, terá
Que situar-se para encontrar a origem do sol,
a razão para a lua,
o sonho das estrelas.

O brilho do caminho espera
pela coragem dos homens
despertos.

Sunday, April 02, 2006

UMA POETISA ARGENTINA

FRENTE DE BATALLA
Teresa Palazzo Conti
“ Dejando un rastro de sangre”.
“ Dejando un rastro de lágrimas”.
Federico Garcia Lorca

Puntos desordenados
entre metrallas
y castigo.

En mis pensamientos detona el universo.

Se malogran las uvas
en la copa de vino
y se burlan las horas
por ser lentas.

En qué línea de fuego están sus ojos.

La espera se hace estéril
y un aletear de vidrios
cabalga
en el confín que mató mi horizonte.

Frente de Batalha

Pontos desordenados
entre tiroteios
e punição.

Em meus pensamentos detonam o universo.

As uvas azedaram
Nos copos de vinho
e enganam as horas
por serem lentas.

Em que linha de fogo estão teus olhos?

A espera se fez estéril
e o estilhaçar dos vidros
cavalga
na distância que matou meus horizontes.

O CORAÇÃO DA BAD GIRL

Sei ser difícil acreditar,
Mas, no passado essa garota,
Não bebia nenhuma gota
E odiava mesa de bar.
Sim a ruiva e brejeira
Até cerveja comprava
Sem conseguir tomar inteira.
Preconceitos internos-alegava.
Veja agora aonde foi parar:
Faz ronda nos bares da vida,
Em vinhos brancos, tintos
E até na pinga jaz perdida
Num desejo louco de se embriagar
De soltar os mais loucos instintos.
Quem diria que agora grita:
"Traz mais uma depressa, por favor!"
Deve ter sido por amor,
Baby, que virou uma bad girl.
Ah! Como a vida é cruel
Com as pessoas inocentes
Que mudam tanto e nem sentem!
Vai beber, se embriagar,
Xingar, brigar,
Sem rumo, perder o prumo e a direção
Que, nem sempre é verdade
A convicção da cidade
De que não tem dono não
O seu pobre, desejado e doce coração.
(De Poesias Mal Comportadas)

Saturday, April 01, 2006

OUTRA DE WILLIAM

Tango Portrait de Maria Amaral-página: maria.amaral.free.fr/ pageA2d.htm

Soneto 91
William Shakespeare
Some glory in their birth, some in their skill,
Some in their wealth, some in their body’s force,
Some in their garments, though new-fangled ill;
Some in their hawks and hounds, some in their horse;
And every humour hath his adjunct pleasure,
Wherein it finds a joy above rest:
But these particulars are not my measure;
All these I better in one general best.
Thy love is better than high birth to me,
Richer than wealth, prouder than garment’s cost,
Of more delight than hawks or horses be;
And having thee, of all men’s pride I boast:
Wretched in this alone, that thou mayst take
All this away and me most wretched make.

Soneto 91

Uns se vangloriam do nascimento, uns de sua habilidade,
Uns de sua riqueza, uns do seu corpo, a força
Uns de suas roupas, embora sejam só uma novidade;
Uns de seus falcões e cães, uns de seus cavalos de raça;
E cada temperamento tem a dose de prazer pedida
No qual encontra uma alegria superior:
Porém nenhum deles são a minha medida;
A todos estes prefiro um de ainda maior valor.
O teu amor que é bem melhor que ter berço de ouro,
Do que ser rico ou me vestir com traje suntuoso,
E dá mais prazer que falcões, cavalos ou tesouro;
E te tendo, do orgulho de todos os homens gozo:
Na minha infelicidade estou só, tu tens o poder
De tomar tudo e o maior dos miseráveis me fazer.

ELE, O WILLIAM


Soneto 52
William Shakespeare
So am I as the rich, whose blessed key
Can bring him to his sweet up-locked treasure,
The which he will not every hour survey,
For blunting the fine point of seldom pleasure
Therefor are feasts so solemn and so rare,
Since, seldom coming, in the long year set,
Like stones of worth they thinly placed are,
Or captain jewels in the carcanet.
So is the time that keeps you as my chest,
Os as the wardrobe which the robe doth hide,
To make some special instant special blest,
By new unfolding his imprison’d pride.
Blessed are you, whose worthiness gives scope,
Being had, to triumph, being lack’d, to hope.

Soneto 52
Estou como o rico que abençoa a chave
Por poder levá-lo ao seu doce tesouro oculto,
O qual não pode contemplar ininterrupto
Sob pena de um especial prazer tornar suave
De modo igual há solenes e raras festas celebradas
Por serem poucas no longo círculo anual,
Como pedras preciosas delicadamente colocadas
Ou como as jóias principais de um colar real.
Assim o tempo que a retém é como um estojo caro,
Ou como o armário que esconde o manto,
Especialmente para o instante mais que raro,
Que, orgulhoso, seu guardado valor revela.
Abençoada você, cujo espaço tão santo
Sendo usado, ao triunfo, se aliou, na espera.